05 Abril 2023
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 03-04-2023.
Cerca de uma centena de menores e pessoas vulneráveis sofreram abusos sexuais dentro do Movimento dos Focolares entre 2014 e 2022, segundo um relatório que acaba de ser divulgado por esta associação de fiéis depois que no ano passado também revelou, em outro relatório, os abusos cometidos por membro da organização fundada por Chiara Lubich.
Neste novo relatório, intitulado "Rumo a uma cultura de proteção integral da pessoa", um total de 61 vítimas de abuso sexual de menores ou adultos vulneráveis registradas entre 2014 e 2022 e outras 22 vítimas de abuso sexual, de consciência, espiritual e de autoridade em relação a adultos registrados entre 2018 e 2022.
No primeiro caso, das 61 vítimas, 13 eram menores de 14 anos, 29 tinham entre 14 e 18 anos e 17 eram adultos vulneráveis. Os abusadores foram, no total, 66 (63 homens 3 mulheres), dos quais 53 eram leigos (32 deles com votos), 5 sacerdotes/religiosos e 4 menores, sendo a Europa, com 39 casos, o principal continente onde ocorreram os abusos. Destes dados pode-se deduzir que a maioria dos agressores eram leigos, incluindo pais e mães de família.
Chiara Lubich | Foto: Religion Digital
Quanto às medidas tomadas pelo Focolare, houve "20 demissões (o consagrado está isento de votos por condenação ou repreensão, por ter cometido crime contra menor ou adulto vulnerável), 9 passíveis de sanção, 19 processos pendentes, 9 denunciados às autoridades judiciárias, 6 suspensos à espera de novo julgamento (a maioria, da autoridade eclesiástica), 12 arquivados, dos quais 1 faleceu (são casos em que os requisitos para proceder se revelaram insuficientes para a investigação)".
Quanto aos 22 casos de abuso de adultos, foram cometidos por 31 abusadores (o número é maior, mas ainda não foram identificados, segundo o relatório), dos quais 28 são leigos com votos e 3 sacerdotes/religiosos, 12 são homens e 19 mulheres.
"A cada vítima e sobrevivente, pedimos novamente perdão em nome do Movimento dos Focolares. Não temos palavras adequadas para expressar a dor e a vergonha que continuamos a sentir por tudo isso; esta nova consciência fortaleceu em nós a determinação de agir para condenar sem reservas estes atos que são totalmente incompatíveis com o respeito pela integridade da pessoa humana e, portanto, contrários aos princípios que animam nosso Movimento”, afirmou na apresentação do relatório Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, e Jesús Morán, copresidente.
Margaret Karram | Foto: Religion Digital
"Percebemos", dizem os responsáveis na apresentação do relatório, "que os dados contam apenas parte da história; até o período temporal em que as notificações foram recolhidas, pode parecer demasiado limitado (2014-2022), mas são as estatísticas que temos".
O texto também afirma que a organização contempla a reparação financeira das vítimas. “De fato, o Movimento dos Focolares está ciente de que o apoio às vítimas deve ser muito mais amplo do que a ajuda econômica e que nenhuma reparação pode eliminar ou compensar os graves danos causados pelos abusos”, afirmam.
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Os focolares reconhecem cem abusos sexuais entre 2014 e 2022 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU