09 Março 2023
"Depois da ordenação presidida pelo patriarca sírio-católico Ignace Youssif III Younan, o novo bispo Jacques, que se tornou ordinário da arquieparquia que antigamente levava o nome de Haemesa, celebrou sua primeira missa como bispo no domingo, 5 de março, sempre na Catedral sírio católica de Homs, consagrada ao Espírito Santo. 'Por favor', disse o novo Bispo, reconhecendo as suas limitações, 'peço que me ajudem com franqueza e partilha, cada um como puder, a levar a nossa Eparquia a atingir a medida da plenitude de Cristo'", escreve Padre Jihad Youssef, monge da Comunidade de Deir Mar Musa, em artigo publicado por Agência Fides, 07-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
São dias singulares, para os cristãos da Síria e também para nós da comunidade monástica de Deir Mar Musa. O nosso irmão, o monge Jacques Mourad, nascido em Aleppo, acaba de ser ordenado arcebispo sírio católico da Arquieparquia de Homs, à qual estão ligados os títulos de Hama e Nabk.
Em seu discurso durante a liturgia de consagração, celebrada na sexta-feira, 3 de março, na catedral sírio católica de Homs, e depois em sua primeira homilia como arcebispo, Jacques Mourad traçou, por assim dizer, uma espécie de "roteiro" para a Arquidiocese e eu diria para a Igreja na Síria, com sinalizações e referências que vale a pena rever.
No final da sua ordenação episcopal, e depois de agradecer às autoridades eclesiais e civis presentes, o novo Arcebispo Mōr Youlian Yagop (Jacques) Mourad iniciou o seu discurso saudando homens e mulheres "crentes, povo do Deus vivo, cristãos e muçulmanos". Em seguida, recordou "com muita gratidão e reconhecimento aquele que preparou o caminho e foi para mim pai e guia, o monge jesuíta Paolo Dall'Oglio, testemunha e mártir na Igreja, que seguiu Cristo até o fim, oferecendo a si mesmo seguindo o exemplo de seu Mestre Jesus. Padre Paolo - continuou o novo Bispo - fundou uma comunidade grande em seu testemunho, embora pequena em número, que vive na Igreja do Mosteiro de Deir Mar Musa no deserto". Em seguida, agradeceu à sua e à nossa comunidade monástica “pelo sacrifício de um dos seus membros pelo mais nobre dos fins, isto é, o serviço ao povo de Deus”.
O bispo Jacques dirigiu-se então ao Conselho Ecumênico dos Bispos de Homs. “Sou o menor entre vocês”, disse-lhes, “e estou pronto para compartilhar com vocês tudo o que é para o bem das almas, a consolação do povo e a glória de Deus”. O novo Bispo apresentou-se “primeiro como o pai espiritual de cada um de vocês, e isto significa que estou presente, disponível e próximo. A porta do bispado estará sempre aberta para quem ama a Deus”.
Depois da ordenação presidida pelo patriarca sírio-católico Ignace Youssif III Younan, o novo bispo Jacques, que se tornou ordinário da arquieparquia que antigamente levava o nome de Haemesa, celebrou sua primeira missa como bispo no domingo, 5 de março, sempre na Catedral sírio católica de Homs, consagrada ao Espírito Santo. “Por favor”, disse o novo Bispo, reconhecendo as suas limitações, “peço que me ajudem com franqueza e partilha, cada um como puder, a levar a nossa Eparquia a atingir a medida da plenitude de Cristo”. Depois de citar o Papa Francisco, o padre Jacques – como prefere ser chamado – confirmou a comunhão com as demais dioceses católicas e a abertura às Igrejas irmãs, ortodoxas e protestantes, na unidade da família eclesial em Cristo. “Sinto que a economia divina que conduz a Igreja, a guia e a consola – continuou o novo Bispo – fez com que a própria Igreja me escolhesse de uma comunidade monástica à qual Deus confiou um carisma particular de abertura e de harmonia com os muçulmanos. Uma comunidade que reconheceu e seguiu o desígnio de Deus, que deseja que a nossa Igreja Siríaca seja filha desta terra, terra que também acolheu o Islã e na qual caminharam e viveram juntos até agora, na alegria e na dificuldade”.
Finalmente, depois de tantas resistências e incompreensões sobre a vocação da nossa comunidade monástica, o carisma particular do padre Paolo Dall'Oglio é acolhido, reconhecido e proclamado como um dom precioso na Igreja oriental siríaca.
Padre Jacques, em sua primeira homilia episcopal, também sublinhou que a missão do Bispo é ser profeta, testemunha e servidor da esperança cristã, especialmente neste tempo de emergência. Ele declarou que quer ser o bispo daqueles que estão longe e dos que estão à margem, alimentando "a esperança em Jesus, o bom pastor que busca a ovelha perdida", em colaboração com os sacerdotes e por meio deles.
O novo Bispo abordou várias vezes passagens significativas do Concílio Vaticano II e do magistério do Papa Francisco, anunciando a sua intenção de colaborar com todos, sacerdotes e leigos da diocese, também através dos conselhos paroquiais e de um conselho diocesano. Em seguida, destacou que entre suas prioridades pastorais estará o cuidado dos jovens, das mulheres e da catequese.
Para anunciar o Evangelho, o novo Bispo disse estar disposto "à escuta de cada carisma dado às pessoas". Quanto às vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, o Arcebispo recordou a urgência de "trabalhar juntos para melhorar a formação de leigos e sacerdotes em geral, para que os leigos possam reconhecer e assumir seu papel na edificação da Igreja e também contribuir para o crescimento de seminaristas dignos e idôneos para se tornarem sacerdotes que amam a Deus e aos homens”.
O Arcebispo, Padre Jacques, concluiu a sua homilia da mesma forma que a havia iniciado, pedindo ajuda: "Vocês sabem que a responsabilidade colocada sobre meus ombros não é fácil de carregar, pois sou um servo fraco, e eu não seria capaz de carregá-la sozinho. Acima de tudo, confio-me à graça de Deus que guia e cuida da Igreja de Cristo, aos meus irmãos sacerdotes e companheiros de estrada, às vossas orações e ao vosso apoio, cada um segundo os seus carismas e talentos”. As últimas palavras de sua homilia foram uma citação do Papa Francisco: "Um bispo não trabalha para si mesmo, mas para o seu rebanho e para o bem comum".
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Síria. Os “caminhos abertos” de padre Jacques Mourad, arcebispo de Homs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU