16 Fevereiro 2023
- "Escrevi a minha demissão dois meses depois das eleições e entreguei esta carta ao Cardeal Bertone. Não sei onde está a carta".
- "Bento XVI teve a coragem de fazê-lo porque não queria ir adiante por causa de sua saúde. Isso não está na minha agenda no momento. Acredito que o ministério do Papa é ad vitam. Não vejo razão para que não deva ser assim", frisou, brincando: "Se demos ouvidos a 'fofoca', então deveríamos mudar de Papa a cada seis meses!"
Escreve Jesús Bastante, em artigo publicado por Religión Digital, 16-02-2023.
"Não, não me passou pela cabeça (renunciar). Mas escrevi uma carta e entreguei-a ao Cardeal Bertone. Contém a minha renúncia caso eu não esteja em estado de saúde e consciência para poder renunciar. Pio XII ele também escreveu uma carta de desligamento, como precaução caso Hitler o levasse para a Alemanha. Nesse caso, ele disse que eles capturariam Eugenio Pacelli e não o papa".
O Papa Francisco negou categoricamente que vá renunciar, durante seus sucessivos encontros com os jesuítas do Congo e do Sudão do Sul.
O texto integral de ambos os diálogos, como é de praxe, foi publicado por Antonio Spadaro, SJ, em La Civiltà Cattolica. A segunda resposta ocorreu em 4 de fevereiro em Juba, enquanto a primeira ocorreu dois dias antes na nunciatura de Kinshasa.
Lá, Francisco lembrou que "escrevi minha renúncia dois meses depois das eleições e entreguei esta carta ao cardeal Bertone. Não sei onde está a carta".
"La Chiesa non è una multinazionale della spiritiualità". Ecco (INTEGRALE) la conversazione di #PapaFrancesco con i #gesuiti del Congo e del Sud Sudan. Su La Civiltà Cattolica. https://t.co/zhOA3vymZE pic.twitter.com/dOgnSV16R0
— Antonio Spadaro (@antoniospadaro) February 16, 2023
Por que o fez? "Fiz isso para o caso de ter um problema de saúde que me impeça de exercer meu ministério e não tenha plena consciência de renunciar. No entanto, isso não significa de forma alguma que a renúncia dos papas deva se tornar algo como uma "moda", algo normal", qualifica.
"Bento XVI teve a coragem de fazê-lo porque não queria ir em frente por causa de sua saúde. Isso não está na minha agenda no momento. Acredito que o ministério do papa é ad vitam. Não vejo razão para que não deva ser assim”, sublinhou, brincando: “Se dermos ouvidos às 'fofocas', então deveríamos mudar de Papa a cada seis meses!”.
Generalato da Companhia, vitalício
O que ele pensa para o papado, pensa também para os jesuítas. "Nisto sou um 'conservador'. Deveria ser para toda a vida. Mas, obviamente, a mesma questão se coloca em relação ao papa. O padre Kolvenbach e o padre Nicolas, os dois últimos ex-gerais, o deixaram por motivos de saúde. Também parece importante lembrar que um dos motivos pelos quais o generalato na Companhia é vitalício é evitar cálculos eleitorais, facções, fofocas ...”, respondeu Bergoglio.
Papa Francisco em encontro com jesuítas do Congo e do Sudão do Sul (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Francisco falou ainda sobre a causa de beatificação de Arrupe, que “vai em frente, porque uma das etapas já foi concluída”. "Falei sobre isso com o padre geral (da Companhia de Jesus)", diz Francisco, que aponta que "o maior problema tem a ver com os escritos do padre Arrupe. Ele escreveu muito e é preciso ler tudo. E isso atrasa o processo".
Sobre os avanços ecumênicos, o papa anunciou um encontro para 2025 com o Patriarca Bartolomeu em Niceia, por ocasião do 800º aniversário do Concílio. "Queremos chegar a um acordo com o Patriarca Bartolomeu sobre a data da Páscoa, que coincide precisamente naquele ano. Vamos ver se podemos chegar a um acordo para o futuro. E queremos celebrar este (aniversário do) Concílio como irmãos. Estamos nos preparando para isso. Pense sobre isso. que Bartolomeu foi o primeiro Patriarca que assistiu à inauguração do ministério de um papa, depois de tantos séculos!"
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Francisco: “Não me passou pela cabeça renunciar” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU