14 Dezembro 2022
O Papa preside na Basílica de São Pedro a Missa em memória da Bem-aventurada Virgem Maria de Guadalupe: estamos em meio aos rugidos da guerra, mas "o amor divino e a condescendência nos dizem que também este é um tempo propício de salvação". A Virgem de Guadalupe é a Mãe mestiça que ainda hoje está no meio do povo americano, cuja identidade é ameaçada por um paganismo selvagem e explorador e por um ateísmo prático e pragmático.
A reportagem é de Paolo Ondarza, publicada por Vatican News, 12-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Corre à guerra, ao sofrimento, às tantas injustiças ainda vividas no mundo de hoje, o pensamento do Papa celebrando a memória da Bem-aventurada Virgem Maria de Guadalupe. Como há cinco séculos, “num momento complicado para os habitantes do mundo novo, o Senhor quis transformar a turbulência que o encontro entre dois mundos diferentes suscitava numa recuperação de sentido e de dignidade, enviando Maria, ainda hoje - explica Francisco - Deus continua a enviar a sua Mãe “para consolar e atender as necessidades dos pequeninos, sem excluir ninguém”.
A Virgem que um dia se encontrou com Juan Diego na colina de Tepeyac, da mesma forma como depois do anúncio do Anjo se põe rapidamente em viagem ao encontro de nosso mundo necessitado e ferido: "Ela quer ficar conosco, ela nos suplica para deixá-la ser nossa Mãe e abrir a nossa vida ao seu Filho Jesus, a acolher a sua mensagem para aprender a amar como Ele. De fato, Deus - continua o Pontífice - guia a história da humanidade em cada momento”.
“Em Jesus, nascido de Maria”, observa Francisco, “o Eterno entra na precariedade do nosso tempo, torna-se para sempre e irreversivelmente Deus conosco e caminha ao nosso lado como irmão e companheiro. Ele vem para ficar e nada do que é nosso lhe é estranho porque é um de nós, próximo, amigo, consubstancial a nós em tudo menos no pecado”. A atualidade da Virgem de Guadalupe é grande.
Santa Maria de Guadalupe, continua Francisco, "é a nossa Mãe mestiça", "que veio acompanhar o povo americano no duro caminho da pobreza, da exploração, do colonialismo socioeconômico e cultural". "Está entre as caravanas daqueles que em busca da liberdade se dirigem rumo ao norte, está no meio do povo americano cuja identidade é ameaçada por um paganismo selvagem e explorador, ferido pela pregação ativa de um ateísmo prático e pragmático".
Este ano celebramos Guadalupe em um momento difícil para a humanidade. É um tempo amargo, cheio de fragores de guerra, injustiças crescentes, carestias, pobreza e sofrimento. E embora este horizonte pareça sombrio, desconcertante, com presságios de destruição e desolação ainda maiores, o amor divino e a condescendência nos dizem que também este é um tempo propício de salvação, em que o Senhor, por meio da Virgem Maria, continua a nos doar seu Filho, que nos chama à fraternidade, a deixar de lado o egoísmo, a indiferença e o antagonismo, convidando-nos a tomar conta uns dos outros "rapidamente", a ir ao encontro dos irmãos e irmãs esquecidos e descartados das nossas sociedades consumistas e apáticas.
Francisco recorda também que hoje começa no continente americano a Novena Intercontinental de Guadalupe, um caminho que prepara a celebração do quinto centenário do Evento de Guadalupe em 2031. O Santo Padre exorta, portanto, os membros da Igreja na América para participar desta jornada "pela renovação do tecido social e eclesial destes povos e comunidades".
Por favor, façam isso no verdadeiro espírito de Guadalupe. Preocupam-me as propostas ideológicas e culturais de vários tipos que querem se apropriar do encontro de um povo com sua Mãe, que querem “desmestiçar” e maquiar a Mãe. Por favor, não permitamos que a mensagem seja destilada de maneira mundana e ideológica.
A Virgem, explica o Papa, “quer recordar-nos que foi o Evangelho que moldou a alma da América Latina e que, como crentes em Cristo, temos a responsabilidade de ser testemunhas credíveis do amor de Jesus Cristo e protagonistas decisivos na construção de uma nova cultura que possa cuidar, incluir e reabilitar”.
Que Jesus Cristo, o desejado por todas as nações, por intercessão de Nossa Mãe de Guadalupe, nos conceda dias de alegria e serenidade, para que a paz do Senhor habite em nossos corações e naquele de todos os homens e as mulheres de boa vontade.
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Francisco: vivemos um período sombrio e amargo, mas Deus guia a história - Instituto Humanitas Unisinos - IHU