07 Dezembro 2022
Os acontecimentos que envolvem o nascimento de Jesus evocam o que muitas famílias vivem hoje: pessoas obrigadas a colocar-se em viagem, uma mulher que não encontra lugar para dar à luz o filho, o refúgio em países vizinhos, crianças vítimas da crueldade da guerra...
O comentário é de Jacques Gaillot, bispo de Partenia, em texto publicado na sua página pessoal do Facebook, 04-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Natal é a loucura de Deus que se faz homem. Jesus nasceu pobre: tem como berço uma manjedoura de animais.
O Menino de Belém não vem para dominar. A sua presença humilde e frágil sugere que está a serviço dos outros e que a verdadeira grandeza é doar-se. Sob o metrô elevado, alguns migrantes africanos vivem amontoados. Levantam-se e se aproximam para pegar a comida que é distribuída. Um homem corpulento serve uma concha de lentilhas, depois cada um pega uma banana e um pedaço de pão.
Haverá lentilhas suficientes para todos? Eu me aproximo da grande panela para ter certeza. Infelizmente, em breve estará vazia.
Dirijo-me ao homem que serve e que não conheço: "Será preciso um milagre". Surpreso, ele olha para mim: "Cabe a você fazer isso." E acrescenta: "Quando não tem mais, não tem mais". E pegando sua pesada panela, a carrega para a van e vai embora.
Os africanos que não conseguiram nada não protestam. Eles têm o hábito de esperar em vão. Mas eis que o milagre acontece, na simplicidade e na discrição. Espontaneamente aqueles que começaram a comer passam seu prato de lentilhas ou uma banana ou um pedaço de pão aos que não receberam nada. Todos puderam comer.
Esses migrantes abriram espontaneamente seus corações e mãos à amizade e à partilha. Os pobres ajudaram os pobres. Uma luz brilha na noite.
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Natal: uma luz na noite. Artigo de Jacques Gaillot - Instituto Humanitas Unisinos - IHU