29 Novembro 2022
O ex-vigário patriarcal de Jerusalém destaca as palavras do pontífice que reavivam "paz e esperança" no coração das pessoas. E lembram aos líderes políticos que “uma solução é possível”. Sinais positivos da retomada das peregrinações depois da Covid, entre os primeiros a chegar estão os indonésios.
A reportagem é publicada por AsiaNews, 28-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
As palavras do Papa Francisco no Angelus são fundamentais para “reavivar a atenção” sobre os sofrimentos da Terra Santa. Assim destaca à AsiaNews o ex-vigário patriarcal de Jerusalém dos latinos, Mons. Giacinto-Boulos Marcuzzo, ainda hoje residente na cidade santa e ativo na pastoral, comentando a mensagem lançada ontem pelo pontífice. “O papa, o patriarca Pizzaballa - continua o prelado - muitas vezes falaram de paz e esperança, mas seus apelos caíram em ouvidos surdos. A sua intervenção ajuda a não deixar esquecer a questão, a reacender a paz e a esperança no coração das pessoas, a lembrar a todos que uma solução é possível”.
Palestina (Foto: User:Rob984 | Wikimedia Commons)
O Papa fez um veemente apelo contra a violência que “mata o futuro”, destrói “a vida dos jovens” e enfraquece “as esperanças de paz”, num período controverso e delicado da vida da região. Aos conflitos e às tensões que agitam a Terra Santa e o Oriente Médio, soma-se a formação do próximo governo israelense - o mais direitista da história do país - que corre o risco de destruir qualquer perspectiva de solução baseada no diálogo com os palestinos. Enquanto isso, de Jerusalém à Cisjordânia, multiplicam-se atentados e assassinatos que, retornando ao apelo do Papa, minam aquela "confiança mútua" sem a qual nunca haverá paz.
A mensagem, ressalta o ex-vigário de Jerusalém, é “boa para o futuro, na perspectiva futura” e no tom “desta primeira semana do Advento. Retomando um e-mail – continua – que circula nestes dias entre as Igrejas do Oriente Médio, o Papa é como a quarta vela que permanece acesa e ilumina as que se apagaram. Ele é a vela da paciência e da esperança" numa fase em que "ninguém parece disposto a ouvir".
Preocupante também é a formação do próximo governo israelense, formado - pelo menos segundo as últimas informações - por ministros abertamente alinhados "contra uma solução" para a questão palestina e obstinadamente contrários "até ao diálogo". “O risco – adverte o prelado – é o de um muro contra um muro, não há perspectiva de diálogo e há um forte temor de que até a vela da esperança seja apagada”. Nas últimas horas, o Hamas está chamando o povo palestino à resistência contra um "ataque oficial" israelense a al-Aqsa. Palavras que acompanham as proclamações do líder ultradireitista Itamar Ben-Gvir que quer mudar o status quo da mesquita.
De Jerusalém a Jenin e Nablus, nas últimas semanas, as notícias relataram ataques, violências, que alimentam "os temores de uma nova intifada", conta Mons. Marcuzzo. “A cada duas semanas - continua - vemos surgir uma nova colônia nos territórios palestinos, os habitantes se sentem provocados e abandonados, ninguém os ajuda. Eles gostariam de reagir e informar ao mundo que ainda hoje existe um problema não resolvido" que é fonte de tensão, mas poucos parecem realmente "interessados" em enfrentá-lo, muito menos abrindo novos canais de "diálogo".
Numa realidade sombria, após quase três anos de fechamentos e bloqueios impostos pela pandemia de Covid-19, chegam sinais de recuperação da frente da peregrinação. “Para nós é uma fonte de consolo - sublinha - a chegada em massa de peregrinos em novembro, mês em que no passado não havia grandes afluências. As perspectivas para dezembro também são positivas. Hoje as pessoas esperam até duas horas na fila para acessar o Santo Sepulcro, a Basílica da Natividade.
E se as chegadas da Itália, e da Europa em geral, ainda estão abaixo da média do passado, há uma recuperação consistente dos Estados Unidos e da Ásia, especialmente da Indonésia que é a nação líder nesta fase, seguida por grupos de japoneses e vietnamitas”. “Preparemo-nos para o Natal - concluiu Mons. Marcuzzo - não percamos a esperança na paz, na justiça, e como o profeta Isaías na leitura de hoje desejamos paz, reconciliação, felicidade para aqueles que permaneceram em Jerusalém".
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Palestina. Palavras do Papa ‘despertam a atenção’ para os sofrimentos na Terra Santa, afirma D. Marcuzzo, ex-vigário patriarcal de Jerusalém - Instituto Humanitas Unisinos - IHU