16 Novembro 2022
“Nossa formação teológica tem o erro de DNA. Nós temos a presunção de achar que temos a verdade final”, criticou o pastor José Marcos Silva, da Igreja Batista de Coqueiral, do Recife, ao participar do congresso “Conversas Pastorais”, organizado pelo pastor Ed René Kivitz, dias 1º e 2 de novembro, em São Paulo.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O encontro, relata o repórter Tiago Dias, do UOL, proporcionou reflexões sobre a prática pastoral em tempos de polarização e pouco diálogo. “Como posso dialogar se vivo num gueto de donos da verdade?” – perguntou Kivitz à plateia de pastores/as, lideranças religiosas e leigos/as.
“Que Deus vocês querem?”
— Andrade (@AndradeRNegro2) November 14, 2022
“Vocês querem um deus que deixe crianças morrendo de frio nas ruas?”
“Então vocês querem um deus como vocês!” pic.twitter.com/QC7O4cXydO
Kivitz criticou com veemência os pastores e bispos do que denominou de “centrão evangélico” que, “de maneira vergonhosa e inescrupulosa já se apressam em abandonar Bolsonaro e correr atrás do presidente Lula, vitorioso nas últimas eleições”. “Se eu quero uma igreja viva, preciso me reconectar à raiz. Na Bíblia está escrito: ‘Olhai de tudo, e escolha o bem’”, apontou.
Pastora de Belo Horizonte que participou do Congresso comentou que se sentiu cansada ao lidar com a comunidade durante as eleições: “Fui chamada de comunista. Vagabunda foi a última que eu ouvi”, relatou.
Kivitz, 58 anos, foi expulso da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil por defender uma leitura não literal do texto sagrado. “A Bíblia precisa ser atualizada e é um livro insuficiente”, afirmava. “Esse fundamentalismo me expurgou. Tenho hoje o privilégio de não ser identificado e estar no extremo oposto disso que chamo de ‘centrão evangélico’”.
Aos religiosos e religiosas participantes do Congresso, Kivitz admoestou: Pensem como a fala pode ser opressora. “A fala contribui para a desumanização e para a humanização”. Respeitar a liberdade e consciência de cada pessoa é um direito inalienável “de fazer escolhas e assumir o protagonismo de sua própria história, falar a verdade em amor, e jamais pactuar com a violência”. O Evangelho define isso muito bem, afiançou.
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Kivitz critica o “centrão evangélico” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU