24 Outubro 2022
A Igreja na França está em estado de choque após a revelação dos abusos envolvendo Michel Santier, ex-bispo de Luçon (Vendée) e depois de Créteil (Val-de-Marne). Para somar ainda mais desgosto ao escândalo, as sanções canônicas datam de mais de um ano atrás.
Publicamos aqui o editorial do jornal francês La Croix, assinado por de Jérôme Chapuis, republicado por Settimana News, 19-10-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É preciso um coração muito forte para não se desesperar com a Igreja quando ela apresenta tal rosto. Porque, neste caso, nada funciona. Os fatos são deploráveis. Instrumentalizando o sacramento da reconciliação, um padre abusa de dois jovens. Mais tarde, e por duas vezes, aceita o cargo de bispo, que ocupa por 20 anos, antes de deixá-lo por “motivos de saúde” e “outras dificuldades”.
A sanção canônica contra o bispo Santier chegou em outubro de 2021, mas permaneceu em segredo por um ano, sob o pretexto de que “as vítimas não desejavam que a história delas fosse divulgada na mídia”. Não era possível revelar os fatos mantendo o anonimato? Infelizmente, está muito claro que a instituição, por covardia, juridicismo ou cálculo, mais uma vez cometeu o erro de silenciar o escândalo.
Um fato semelhante escandaliza ao quadrado e deixa os fiéis, os religiosos e os presbíteros perplexos. Tais contra-testemunhos deixam marcas profundas. As mais terríveis são as invisíveis: são os passos discretos daqueles e daquelas que já abandonaram a Igreja, enojados com a traição dos clérigos.
Resta o Sínodo, que pretende transformar a vida da Igreja. Mas, para que ele tenha um sentido, não podemos nos contentar com uma reforma das estruturas sem mudar a relação com a verdade.
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Novos abusos na Igreja na França: choque e desgosto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU