21 Outubro 2022
"Quanto aos meus sentimentos sobre as ovelhas, o ponto principal do livro de Stoutzenberger e Champine sobre o gado lanoso é que as ovelhas se unem instintivamente. Elas seguem um líder não porque são estúpidas, mas porque sabem que o isolamento as torna vulneráveis, enquanto a união as mantém seguras", escreve a jornalista estadunidense Stephanie Clary, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 20-10-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Quando eu era estudante no St. Mary's College, tive um professor de teologia que odiava a metáfora do pastor-ovelha para Jesus e seus seguidores.
O problema do professor com a ideia de cristãos como ovelhas era que, em suas palavras, ovelhas são estúpidas. As ovelhas seguirão um líder designado, independentemente de esse líder estar oferecendo uma boa orientação, disse ele, dizendo que as ovelhas não podem pensar criticamente por si mesmas. Portanto, para ele, a relação pastor-ovelha não pinta os cristãos – ou Cristo – sob uma luz favorável.
Na última década, eu mesmo adotei mais ou menos essa perspectiva, evitando o uso da metáfora da ovelha e sorrindo um pouco quando ouço os outros usá-la. Isto é, até eu ler “Singing with Crickets: Meditations on Francis of Assisi and Nature” (Cantando com grilos: meditações sobre Francisco de Assis e a natureza, em tradução livre) e ser apresentada a uma caracterização mais convincente e complementar das ovelhas. Talvez nosso semelhante, a ovelha, seja admirável, afinal — pelo menos é a conclusão a que cheguei ao considerar o conceito pela perspectiva de São Francisco de Assis.
Singing with Crickets: Meditations on Francis of Assisi and Nature, de Joseph Stoutzenberger e Frank Champine
Em “Singing with Crickets”, Joseph Stoutzenberger e Frank Champine exploram as palavras, contos e orações de São Francisco de uma forma que força os leitores a se perguntarem se e como essa conhecida figura católica e padroeira da ecologia pode ser um modelo para a vida ecoconsciente hoje.
As 22 reflexões do livro são concisas, não mais do que uma página cada, e todas são seguidas por uma oração de parágrafo que contém uma referência bíblica de uma linha.
Mas minha parte favorita das meditações pode ser as pinturas de Champine espalhadas pelas páginas e combinadas com poemas curtos. Essa adição visual às reflexões escritas levou minhas meditações um passo além do que as palavras sozinhas. E mais de uma vez me peguei me perguntando se as estampas estão à venda.
A forma como “Singing with Crickets” está organizado o torna ideal para grupos de estudo ou aulas que desejam passar um dia ou uma semana refletindo sobre as meditações individuais que o livro explora: sobre as maravilhas do mundo, o universo cantando, a vida simples, a reconstrução do planeta, o vento e o clima ou perdão e paz.
Como alguém que luta para encontrar tempo para sentar e ler uma parte significativa de qualquer livro de uma só vez, achei este livro conveniente para meu uso pessoal, sendo capaz de encaixar meditações curtas esporadicamente ao longo da semana e depois refletir sobre elas ao longo dos meus dias.
Também apreciei a lista de organizações a serem consideradas no final do livro, que orienta os leitores a continuar explorando os tópicos de proteção e preservação do meio ambiente dentro de uma estrutura de fé.
Quanto aos meus sentimentos sobre as ovelhas, o ponto principal de Stoutzenberger e Champine sobre o gado lanoso é que as ovelhas se unem instintivamente. Elas seguem um líder não porque são estúpidas, mas porque sabem que o isolamento as torna vulneráveis, enquanto a união as mantém seguras.
E quando os autores dizem que as ovelhas sabem que "O bem-estar de um depende totalmente do bem-estar de todos", eles não estão nos pedindo para aplicar isso apenas à humanidade, mas a toda a criação.
Eu nunca mais vou pensar nas ovelhas da mesma forma.
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Uma nova visão das ovelhas seguidoras pelos olhos de São Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU