08 Outubro 2022
A Igreja abençoa o amor e a fidelidade daquelas pessoas que querem viver juntas por toda a vida e se colocar à disposição da sociedade e da Igreja.
A opinião é de Luc Van Looy, bispo emérito de Gent, na Bélgica. O artigo foi publicado em Settimana News, 07-10-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Há muito tempo, o tema do “reconhecimento” dos casais homossexuais é um aspecto que ocupa os bispos e os responsáveis pela pastoral nas dioceses da Bélgica. Dado que se trata de um tema delicado e complexo, muitas vezes gerido de forma inadequada em nível social, decidiu-se tomar posição juntos como bispos de Flandres em uma declaração conjunta.
Nela, aborda-se uma questão que está viva na sociedade e na Igreja, porque o tema da “inclusão” de todas as pessoas, e também da inclusão de todos os temas sociais e políticos, é sentido por todos, particularmente pelos jovens. Os bispos entendem que a cultura social não está pronta em todo o mundo para tomar a mesma decisão.
O Papa Francisco se refere a esse tema quando diz “quem sou eu para poder julgar as atitudes das pessoas?” – que é, em síntese, seu pensamento quando se depara com essas temáticas. Parece-me que não podemos mais permitir que pessoas que se querem bem e não tomam decisões levianamente sejam estigmatizadas e muitas vezes tratadas como pecadoras e excluídas da comunidade eclesial.
A dor que sofrem, assim como a dos pais e familiares, não pode ser encarada apenas com empatia e misericórdia. A Igreja tem o papel de confirmar as pessoas em sua seriedade e na busca de uma vida honesta e serena. Podemos dizer a uma pessoa: você não nos pertence, enquanto Jesus perdoava ou, melhor, não queria julgar os pecadores?
O ponto chave é que as pessoas honestas, que buscam uma relação duradoura e exclusiva, baseada na fé em Cristo e na Igreja, não podem ser tratadas como o sacerdote e o levita fazem na parábola do Bom Samaritano. A Igreja não pode olhar para o outro lado!
Acrescento, ao fato de ter sido criado um responsável oficial, que existe também uma proposta, à disposição dos pastores, para a bênção das pessoas que se comprometem reciprocamente em uma relação duradoura e exclusiva, dentro da comunidade eclesial e social, pedindo a ajuda do Senhor para voltar um olhar benevolente sobre elas e abençoar seu futuro.
A Igreja abençoa o amor e a fidelidade daquelas pessoas que querem viver juntas por toda a vida e se colocar à disposição da sociedade e da Igreja.
Esperamos que essa decisão dos bispos reunidos possa dar serenidade não apenas às pessoas envolvidas, mas também à sociedade que busca uma forma para viver a inclusão também em outros setores, evitando julgar as escolhas feitas por outros; e, sobretudo, que possa assumir a responsabilidade de assistir essas pessoas na busca de uma vida serena, feliz e solidária.
A Igreja, acima de tudo, reza e pede para rezar por todas as pessoas que, com seriedade, procuram viver o Evangelho e propô-lo a outros como uma missão recebida do próprio Senhor quando mandava seus discípulos evangelizarem em todo o mundo.
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Bélgica: oração sobre os casais homossexuais. Artigo de Luc Van Looy - Instituto Humanitas Unisinos - IHU