02 Setembro 2022
Com a sessão vespertina que antecedeu a Missa presidida pelo Papa Francisco em São Pedro, terminaram os trabalhos da reunião dos cardeais sobre a nova Constituição Apostólica Praedicate Evangelium.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 31-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
"O encontro com o Santo Padre, que aconteceu em um clima fraterno - lembra uma sucinta nota divulgada pela Sala de Imprensa do Vaticano no final dos trabalhos - contou com a presença de pouco menos de 200 cardeais, patriarcas orientais e superiores da Secretaria de Estado". "Os trabalhos em grupos linguísticos e as discussões no plenário - explica o comunicado de imprensa - deram a oportunidade de discutir livremente sobre muitos aspectos relativos ao documento e à vida da Igreja, enquanto a última sessão desta tarde foi dedicada ao Jubileu da esperança de 2025”.
Mais detalhadas as informações difundidas pelo Vatican News que aludiu aos temas abordados nos grupos linguísticos onde se refletiu, seguindo uma "trilha" pré-estabelecida, sobre os elementos de novidade, mas também os "desafios" que a Praedicate Evangelium introduz para a Cúria Romana e, ao mesmo tempo, para a Igreja universal. Entre essas: transparência financeira, sinodalidade, arranjo dos organogramas curiais, espírito missionário, anúncio do Evangelho em uma época como a atual, formação de pessoal, espiritualidade da Cúria e, sobretudo, o tema dos leigos e seu eventual papel na direção de alguns Dicastérios.
Estabelecendo que, ao contrário à práxis anterior, o "poder de governo na Igreja não provém do Sacramento da Ordem, mas da missão canônica" recebida do Papa com a atribuição do cargo, a Constituição permite a atribuição dos cargos de chefia na Cúria Romana também aos leigos e às leigas. “Quando se trabalha em pequenos grupos - contou o cardeal Paolo Lojudice, arcebispo de Siena-Colle Val d'Elsa-Montalcino ao Vatican News - é mais fácil confrontar-se e dialogar. Sabemos que o tema é o debate aberto e sereno sobre a nova Constituição e, em particular, sobre a sua aplicação, sobre como colocá-la em prática. Nos grupos mais que elementos de novidade, foram apresentadas algumas ideias... É possível que existam passagens que ajudem a compreender alguns elementos que resultam menos claros, menos evidentes, e, especial aquele que diz respeito à presença dos leigos também nas funções apicais dos Dicastérios. Esta é uma porta aberta que esperamos possa ser percorrida da melhor forma”.
O Cardeal Arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, falou de uma "bela experiência" e de um encontro "extraordinariamente edificante". "Nenhum conflito, crise ou polêmica, ao contrário do que se lê nos jornais, mas enriquecimento mútuo". Assim - informa o SIR - os cardeais Walter Kasper, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, e Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, descrevem a atmosfera da reunião conversando com alguns jornalistas à margem do encontro.
“Fiquei emocionado com o clima pacífico, a sinodalidade, o clima de diálogo, o desejo de ir em frente e não retroceder, de colaborar juntos apesar das diferenças - referiu Kasper -. Todos agradeceram ao Papa por suas palavras proféticas de segunda-feira, que exortaram a iniciar um processo”. "Nenhuma polêmica ou conflito, ainda que, naturalmente, as situações dos vários países sejam diferentes: mas unidade não é uniformidade", especificou o teólogo alemão.
Quanto ao conteúdo do breve discurso introdutório de Francisco na abertura da primeira sessão na segunda-feira de manhã, Kasper informou que Francisco se referiu à passagem dos Atos dos Apóstolos em que se fala da eleição dos diáconos: "A Igreja reagiu e é assim que deve fazer também hoje: é preciso reagir, considerar as situações à luz do Evangelho e responder às novas situações”.
"Ir em frente": este é o imperativo que, segundo Schönborn, resume os trabalhos desses dois dias. “O Sínodo é caminhar juntos, e o que demos é um passo”, comentou: “No que me diz respeito, insisti na reforma econômica e financeira, na qual foram feitos grandes avanços. É um bom sinal». "Escutamo-nos em comunhão", o balanço geral: "Apesar das diferenças de situação entre os vários países, há um enriquecimento mútuo". Entre os cardeais presentes, Schönborn mencionou Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulaanbaatar, na Mongólia, o mais jovem do Colégio Cardinalício. "É muito apreciado", disse o cardeal austríaco aos jornalistas.
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Papel dos leigos, sinodalidade e jubileu entre os desafios a serem enfrentados com a reforma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU