Colômbia. Bispos aprovam novas diretrizes de proteção de menores

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

22 Agosto 2022

 

Durante sua assembleia geral, os bispos da Colômbia aprovaram um novo conjunto de diretrizes para a proteção de menores.

 

A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux 18-08-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

Uma das especialistas leigas por trás do texto, Ilva Hoyos, disse que é um reconhecimento por parte dos bispos de que eles precisam de uma nova perspectiva, “centrada não na disciplina, mas na cultura do cuidado”.

“A adoção das novas diretrizes é mais um passo no caminho da prevenção do abuso”, disse Hoyos, ex-procurador-geral colombiano para crianças, adolescentes e família. “Na cultura do cuidado, todos são responsáveis. Em nossa condição de povo de Deus, devemos agir caridosamente e em sinodalidade”.

Hoyos é o chefe do grupo de trabalho dos bispos para a proteção de menores e coordenou a redação das diretrizes de 22 páginas.

Ela disse ao Crux que, embora a redação envolva um esforço conjunto, a inscrição será um “enorme desafio para os fiéis na Colômbia”.

No entanto, destacou Hoyos, simplesmente ter as diretrizes escritas e aprovadas não é suficiente: “Agora precisamos dar mais passos para que o texto ganhe vida. Devemos, como Igreja, tornar-nos profetas e apóstolos da cultura de um cuidado amoroso, respeitoso e atento ao outro”.

As diretrizes entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2023, mas foram bem recebidas pelos bispos durante sua assembleia nesta semana. O objetivo do documento, segundo o texto, é “colocar em prática a erradicação de todo tipo de abuso (de poder, de consciência, espiritual e sexual) que é gerado nos ambientes eclesiais por membros da Igreja no país, sejam eles leigos, religiosos ou sacerdotes”.

O texto é muito mais abrangente em seu alcance do que as diretrizes originais que os bispos colombianos publicaram em 2013: “Diretrizes para a redação de decretos diocesanos para a proteção de menores”. A nova edição é intitulada “Cultura do cuidado na Igreja Católica Colombiana”.

“É precisamente a coerência com o Evangelho e a opção radical pela proteção e cuidado de todos – e em particular dos menores e mais – que nos coloca diante da inescapável necessidade de reconhecer que, apesar de todos os esforços da Igreja para exorto os fiéis a viver em um constante caminho de santidade, há fatos dolorosos de abuso e maus-tratos dentro da Igreja”, lê-se na introdução das orientações.

As novas diretrizes levam em consideração os recentes documentos e legislação do Vaticano, bem como regulamentos do governo colombiano.

As diretrizes apontam que a cultura do cuidado dentro da igreja é realizada por meio de uma rede entrelaçada de pessoas, instituições e escritórios tanto da igreja quanto da sociedade civil e, como tal, vai além de um mero conjunto de protocolos e procedimentos, introduzidos como “Sistema para a Cultura do Cuidado”.

“Trata-se de erradicar a ‘pseudocultura’ da indiferença, da rejeição e da violência, na consciência de que os abusos são o resultado de uma ação recíproca e complexa de momentos críticos da vida e fatores interpessoais, institucionais, culturais e sociais”, afirma-se nas diretrizes.

O sistema para a cultura do cuidado é a “garantia” da transparência; supervisionar a aplicação de protocolos enquanto analisa seu sucesso – ou fracasso – para adaptá-lo se necessário; garantir o acesso a um escritório de denúncias; e facilitar o acesso à justiça, tanto civil como canônica, daqueles contra quem foi cometido um crime.

As vítimas de atos criminosos devem receber assistência “espiritual, psicológica e jurídica” e o sistema também é chamado a “impedir o encobrimento e a negligência das autoridades da Igreja”.

Os bispos reconhecem nas diretrizes que “a autoridade que recebemos é um serviço, e uma maneira errônea de entendê-la permitiu condutas de abuso sexual, abuso de poder e consciência, entre outros, por membros da Igreja”.

Eles também pedem que as vítimas sejam colocadas no centro; pela transparência; pela empatia e misericórdia com as vítimas, suas famílias e suas comunidades, mas também com o agressor; e para a formação constante na prevenção, mas também em outras áreas muitas vezes esquecidas quando se instituem sistemas de cuidado em todo o mundo, como a comunicação, para que se dê a conhecer as ações da Igreja em prol da criação de uma cultura de cuidado.

Os bispos comprometeram-se a adotar essas normas dentro de cada circunscrição eclesiástica e permitir que todos os fiéis e a sociedade em geral as conheçam, a fim de promover uma “maior consciência do cuidado amoroso que também os pastores e os ambientes pastorais eclesiais exigem, sempre que trabalham, conhecer e conviver com crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas vulneráveis”.

 

Leia mais