Estudo relaciona a prevalência das ondas de calor com o aumento da desnutrição infantil

Fonte: Wikimedia Commons

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

28 Julho 2022

 

A equipe de trabalho da Universidade Cornell (Estados Unidos), liderada por Sylvia Blom, determinou que o progresso na luta contra a desnutrição infantil no Sul Global está seriamente comprometido pela incapacidade da comunidade internacional de lutar contra a mudança climática devido à relação, que estudaram, entre o calor extremo e a desnutrição.

 

A reportagem é publicada por El Salto, 27-07-2022. A tradução é do Cepat.

 

“Conforme aumenta o número de dias de calor, comprovamos que a prevalência da desnutrição infantil aumenta em um grau muito alto”, resumiu a autora à frente do estudo, que tomou dados de pesquisas domiciliares, em um amplo período - de 1993 a 2014 -, em cinco países da África Ocidental: Benim, Togo, Gana, Burkina Faso e Costa do Marfim. Na sequência, cruzou com dados meteorológicos geocodificados, fazendo um acompanhamento das horas de exposição ao calor extremo, ao longo da vida das crianças, e durante as ondas calor.

 

O estudo examinou os efeitos do calor extremo em mais de 32.000 crianças com idades entre três meses e três anos. O resultado é que o nível médio de exposição ao calor extremo aumentou em 12% a prevalência do atraso no crescimento por desnutrição crônica.

 

Caso a temperatura da terra aumente 2 graus, um cálculo que está dentro dos limites mais conservadores admitidos no Acordo de Paris, “o efeito médio da exposição ao calor sobre o atraso do crescimento seria quase o dobro”, afirmam os pesquisadores.

 

Os pesquisadores estimam que os efeitos causais do calor extremo sobre a desnutrição “não são respostas fisiológicas ao calor direto”, mas estão relacionados a fatores que incluem um risco maior de que as crianças fiquem expostas aos patógenos dos alimentos e a água que estão expostos ao calor.

 

O menor consumo de proteínas de origem animal, devido à redução da produtividade agrícola, também pode estar por trás dos picos de desnutrição. Além disso, conforme apontam as conclusões do estudo, os resultados “apoiam qualitativamente a hipótese de que a falta de saneamento e a localização rural exacerbam os efeitos negativos do calor na nutrição regular”.

 

Segundo a equipe da Cornell, essas ondas de calor colocam em risco os avanços que conseguiram reduzir o crescimento atrofiado em uma média de 5,8%, por meio de programas de melhoria da renda, infraestruturas e práticas de cuidado das crianças durante o período de estudo. “O que estamos fazendo para reduzir a pobreza global está erodindo por nossa falta de ação sobre o clima”, concluiu um dos participantes desta pesquisa.

 

Leia mais