04 Julho 2022
A 225ª Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA, a sigla em inglês), reunida em Louisville, aprovou, na terça-feira, 28 de junho, resolução na qual afirma que “as leis, política e práticas do governo de Israel em relação ao povo palestino cumprem a definição legal internacional de apartheid”. No debate do tema, o Comitê que elaborou a minuta esclareceu que trata-se de condenar as políticas do governo israelense, e não de condenar o povo de Israel.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A aprovação gerou polêmica. O grupo Presbiterianos pela Paz no Oriente Médio disse, em nota, que o Comitê “zombou do compromisso histórico da PCUSA de ouvir todos os lados e fazer pesquisas profundas sobre questões antes de tomar decisões controversas”. Na verdade, denunciou o grupo, “apenas um lado foi ouvido: vozes de ativistas históricos anti-Israel”.
O tema vem sendo estudado e analisado pelo Comitê há dois anos. Ele se pronunciou com essa moção na “esperança de que ela levará a uma reconciliação pacífica para o povo de Israel e da Palestina, semelhante à que ocorreu na África do Sul quando o apartheid foi reconhecido internacionalmente”.
“O cerne do conflito – diz estudo do Comitê – não é a inimizade entre dois povos, mas uma estrutura injusta de poder que privilegia um grupo de pessoas em detrimento de outro, uma estrutura que se reflete legalmente em todos os níveis da sociedade”.
Eventos recentes, aponta, “tornaram a situação mais clara, principalmente com a lei do Estado-Nação de Israel, aprovada em 2018, que declara que ‘o direito de exercer a autodeterminação nacional no Estado de Israel é exclusivo do povo judeu”. Assim, “os palestinos que vivem lá há séculos não têm esse direito”.
A minuta aponta cinco pontos que embasaram a resolução: a existência de dois conjuntos de leis, um para israelenses e outro para palestinos; a expropriação de terras palestinas para assentamento exclusivamente para judeus; a negação do direito à liberdade de resistência aos palestinos; a criação de reservas e guetos separados para palestinos; a negação aos palestinos o direito a uma nacionalidade.
A PCUSA frisa que se ancora na definição de apartheid das Nações Unidas e que, como cristãos, não pode ficar calada. Ela acredita que “a missão profética da Igreja é falar a Palavra de Deus com coragem, honestidade e amor no contexto local e no meio da vida diária. Seguindo o exemplo de Jesus, a igreja é chamada a ficar ao lado dos oprimidos para ajudar a trazer justiça, paz e reconciliação”.
A ementa da proposta elaborada pelo Comitê admite que é difícil para muitos cristãos “criticar publicamente as políticas do governo de Israel por medo que mesmo as críticas legítimas possam ser vistas como anti-Israel, ou antisemitas”.
A Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos enfatiza que apoia fortemente o direito de Israel de existir como nação soberana dentro de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas de acordo com as resoluções das Nações Unidas. “Esperamos que Israel cumpra seu potencial de ser uma democracia com direitos iguais para todas as pessoas que vivem em segurança e prosperidade”.
A PCUSA é a maior denominação presbiteriana nos Estados Unidos, com mais de 8 mil congregações, 1 milhão de membros e um quadro de 18 mil clérigos. A pauta da 225ª Assembleia prevê que todas as reuniões acontecem, num sistema híbrido, entre o sábado, 18 de junho, e 9 de julho.
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Presbiterianos dos EUA denunciam política de “apartheid” do Estado de Israel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU