13 Mai 2022
A leitura que a Igreja propõe para este domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João, 13,31-33 a 34-35, que corresponde ao 5° domingo de Páscoa, ciclo C, de Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Os cristãos começaram a sua expansão numa sociedade em que havia diferentes termos para expressar o que hoje chamamos amor. A palavra mais usada era filia, que designava o afeto para uma pessoa próxima e era usada para falar da amizade, carinho ou o amor aos parentes e amigos. Falava-se também de eros para designar a inclinação agradável, o amor apaixonado ou simplesmente o desejo orientado para aqueles que produzem em nós prazer e satisfação.
Os primeiros cristãos abandonaram praticamente esta terminologia e colocaram em circulação outra palavra quase desconhecida, ágape, a que deram um conteúdo novo e original. Não queriam que o amor inspirado por Jesus fosse confundido com qualquer coisa. Daí o seu interesse em formular bem o «mandamento novo do amor»: «Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei».
A forma de amar de Jesus é inconfundível. Não se aproxima das pessoas procurando o seu próprio interesse ou satisfação, a sua segurança ou bem-estar. Só pensa em fazer o bem, acolher, dar o melhor que tem, oferecer amizade, ajudar a viver. Assim o recordarão anos mais tarde nas primeiras comunidades cristãs: «Passou toda a sua vida a fazer o bem».
É por isso que o seu amor tem um caráter serviçal. Jesus coloca-se ao serviço daqueles que mais podem necessitar dele. Abre espaço no seu coração e na sua vida para aqueles que não têm lugar na sociedade nem na preocupação das pessoas. Defende os fracos e os pequenos, os que não têm poder para se defender a si próprios, os que não são grandes ou importantes. Aproxima-se daqueles que estão sozinhos e indefesos, aqueles que não conhecem o amor ou a amizade de ninguém.
O habitual entre nós é amar aqueles que nos apreciam e realmente nos amam, ser afetuosos e atentos com os nossos familiares e amigos, e depois viver indiferente àqueles que sentimos como estranhos e alheios ao nosso pequeno mundo de interesses. No entanto, o que distingue o seguidor de Jesus não é um «amor» qualquer, mas precisamente essa forma de amor que consiste em nos aproximarmos daqueles que podem necessitar de nós. Não o deveríamos esquecer.
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Uma forma de amar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU