02 Mai 2022
Para uma pessoa bastante dinâmica e enérgica como o Papa Francisco, estar temporariamente forçado pelos médicos a uma poltrona não é uma condição fácil de aceitar. Durante dez dias, porém, ele terá que ter paciência e se submeter ao conselho do ortopedista que o está tratando e que está tentando evitar a operação do joelho. Ontem de manhã mostrou-se aos bispos eslovacos colado ao assento, mas não pôde recebê-los de pé como gostaria: “Há um problema, esta perna não está boa, não funciona, e o médico disse-me para não caminhar. Gosto de me mexer, mas desta vez tenho que obedecer ao médico. Para isso, peço-lhe o sacrifício de subir as escadas e saúdo-o daqui, sentado. É uma humilhação, mas ofereço-o pelo seu país”.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 01-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O fato é que, há mais de um ano, as dores no joelho direito do Papa se tornaram cada vez mais intensas, até que até os menores e mais triviais movimentos, como subir um degrau, curvar-se ou até ficar de pé, se tornaram quase impossíveis para ele. Uma doença certamente ligada à idade, 85 anos, mas sobretudo causada pela postura errada: ao andar mal, o problema no quadril leva-o a descarregar mais peso na articulação do joelho direito que ao longo do tempo enfraqueceu e provocou um desgaste severo do ligamento.
O diagnóstico feito por vários especialistas é o de uma dor comum no joelho que geralmente se resolve com tratamentos in loco para desinflamar os ligamentos afetados, ou com a solução cirúrgica se as infiltrações não funcionarem. Mas por enquanto essa hipótese foi descartada, o ortopedista sugeriu fazer uma infiltração robusta e 10 dias de repouso absoluto. Parece que os médicos o assustaram um pouco, explicando em detalhes que, se ele não seguir as instruções, será difícil para ele levar adiante a densa agenda de compromissos internacionais para este verão vaticano.
Mesmo que essas viagens bastante exigentes ainda não tenham sido confirmadas pelo Vaticano, a máquina organizativa já começou no Líbano, Jerusalém, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Canadá, Cazaquistão. O Papa Francisco teve que tirar o melhor proveito de uma situação ruim e armar-se de santa paciência, aceitando esta nova condição que ele mesmo definiu como "humilhante", pois implica, mesmo em Santa Marta, a limitação nos deslocamentos e a ajuda constante de uma pessoa.
Há algum tempo, enquanto cumprimentava alguns repórteres no avião que o levou a Malta, confessou que era "inoperável" no joelho sem acrescentar mais nada. Naqueles dias ele já mancava visivelmente e no final da viagem dava para ver a expressão de dor em seu rosto. Depois daquela viagem a situação ficou cada vez mais evidente. Cancelou vários compromissos na cúria, durante a Semana Santa, não compareceu à procissão dos Ramos, celebrou os ritos permanecendo praticamente sentado num banco em frente ao altar, para ter menos dor.
As brincadeiras
O Papa não perde o bom humor em público e comenta sua momentânea disfunção com os convidados com algumas brincadeiras. "É a doença dos velhos." “É o mal da lavadeira”. Ele havia falado com os repórteres de uma "saúde um tanto caprichosa: eu tenho esse problema no joelho que leva a problemas de locomoção. Agora está melhorando, pelo menos agora consigo andar enquanto há duas semanas não conseguia. Nesta idade não sabemos como o jogo vai acabar”.
No ano passado, em 4 de julho, o papa foi levado às pressas para o hospital Gemelli por um problema intestinal. Era para ser uma operação curta, mas uma complicação a alongou para horas e foi resolvida com a retirada de 30 centímetros do cólon. Os cirurgiões nunca assinaram um boletim médico - como costuma ser feito, mesmo que as escassas informações chegassem diariamente da sala de imprensa. De qualquer forma, todo tipo de tumor foi excluído. No próximo domingo, 8 de maio, o Papa Francisco não presidirá a ordenação sacerdotal dos novos padres de Roma. O cardeal vigário Angelo De Donatis o fará em San Giovanni in Laterano.
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Papa Francisco e “a humilhação da perna que não funciona”: viagens em risco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU