04 Março 2022
O Papa Francisco enviou nesta Quarta-feira de Cinzas uma mensagem à Igreja do Brasil refletindo sobre a importância da Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema: “Fraternidade e Educação”.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Na mensagem, o Santo Padre convida a refletir a relação entre Fraternidade e Educação, que ele considera “fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade, evitando a ‘cultura do descarte’ – que coloca os mais vulneráveis à margem da sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação”.
O Santo Padre adverte sobre a “urgência em adotar ações transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral”. O Papa Francisco lembra suas palavras no convite para um Pacto Educativo Global, onde diz que “nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”.
Foto: Luis Miguel Modino
Em suas palavras, o Papa chama a “reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo”, algo que deve ir unido com a “responsabilidade dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação dos filhos, garantindo a todos o acesso à escola”. Nesse sentido, ele insiste em que: “As religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal”.
Que a educação “torne-se causa de grande esperança em cada comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades católicas”, é o desejo do Papa Francisco para a Igreja do Brasil nesta Quaresma, “tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo, transmitam a sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as demais instituições educativas”.
Também insiste na verdadeira conversão que deve nascer da reflexão proposta pela Igreja do Brasil para esta Quaresma, e ao mesmo tempo, “que as sementes lançadas ao longo deste caminho encontrem nos corações dos fiéis a boa terra onde possam frutificar em ações concretas a favor de uma educação integral e de qualidade”.
Finalmente, confia a Campanha da Fraternidade aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, dando a Bênção Apostólica “a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna”, encerrando sua mensagem com seu já conhecido pedido que “continuem a rezar por mim”.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e muitas Igrejas Particulares tem realizado nesta Quarta-Feira de Cinzas celebrações de abertura da Campanha, que quer promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil à luz da fé cristã, buscando caminhos de humanismo integral e solidário, fazendo um chamado a ver a educação como “serviço indispensável à vida”.
D. Leonardo Steiner, definiu a Quaresma como tempo de transformação, de conversão, de jejum, de esmola, de oração, como um tempo para refletir sobre a educação, que “é tão importante na nossa vida”, como algo que “vai nos introduzindo na vida”, que nos ajuda a ir descobrindo “valores que dão direção à nossa vida”, a ir percebendo “quais são dimensões maiores e necessárias para podermos viver e viver com dignidade, justiça, amor e paz”.
O arcebispo de Manaus fez referência à educação na fé, a despertar para relações profundas, necessárias, relações realizadoras. Ele destacou que “toda educação deseja ser o caminho da dignificação, da transformação, o caminho da fraternidade, do amor, da justiça e da paz”. Por isso, chamou as comunidades e as escolas a refletir a Campanha da Fraternidade, a gerar espaços para “uma educação humana, não apenas informativa, mas transformativa, uma educação que nos leva a sermos mais pessoas, mais humanos”. Também a refletir sobre o descuido que hoje acontece com a educação, especialmente a educação pública.
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Ao iniciarmos a caminhada quaresmal de conversão rumo à celebração do Mistério Pascal de Cristo, nos dispomos a ouvir o chamado de Deus que deseja conduzir-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, ao encontro pessoal e renovador com o Ressuscitado, em quem temos a verdadeira vida e do qual devemos ser fiéis testemunhas.
Para auxiliar os fiéis nesse percurso de encontro, a Igreja no Brasil propõe à reflexão de todos, na Campanha da Fraternidade deste ano, o importante tema da relação entre “Fraternidade e Educação”, fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade, evitando a “cultura do descarte” – que coloca os mais vulneráveis à margem da sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação.
Efetivamente, ao olhar para a sociedade hodierna, percebe-se de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral, como recordado no convite para um Pacto Educativo Global: “Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna” (Mensagem, 12/09/19).
Ao mesmo tempo que se reconhece e valoriza a responsabilidade dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação dos filhos, garantindo a todos o acesso à escola, deve-se igualmente reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo: “As religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal” (Discurso, 5/10/21).
Desejo de todo o coração que a escolha do tema “Fraternidade e Educação” torne-se causa de grande esperança em cada comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades católicas, a fim de que, tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo, transmitam a sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as demais instituições educativas.
Desejo igualmente, queridos irmãos e irmãs, que o itinerário quaresmal, iluminado pela reflexão proposta, seja ocasião de verdadeira conversão e que as sementes lançadas ao longo deste caminho encontrem nos corações dos fiéis a boa terra onde possam frutificar em ações concretas a favor de uma educação integral e de qualidade.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 10 de janeiro de 2022.
Foto: Luis Miguel Modino
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Papa Francisco chama os brasileiros a “uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU