17 Novembro 2021
O arcebispo Christophe Pierre, o núncio apostólico para os Estados Unidos, falou para os bispos estadunidenses em 16 de novembro sobre a importância de escutar as pessoas na Igreja e estar aberto para o trabalho do Espírito Santo.
Ele se dirigiu aos bispos no primeiro dia das sessões públicas da assembleia geral de outono, que ocorre de 15 a 18 de novembro, em Baltimore.
A reportagem é de Carol Zimmermann, publicada por America, 16-11-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Dom Christoph Pierre apontou que ele está no serviço da nunciatura apostólica há cinco anos e tem sido uma jornada com os bispos estadunidenses enfrentando os desafios da desfiliação, das crises de abusos sexuais, do aumento da secularização, da polarização dentro do país e da Igreja e, mais recentemente, da pandemia.
Ele rapidamente entrou no tema de discussão que estava fresco na memória dos bispos, depois de escutarem na noite anterior, durante a missa de abertura, e que se discutiria na continuação para a preparação do vindouro Sínodo dos Bispos: a sinodalidade.
“Eu acredito que a sinodalidade é uma resposta aos desafios do nosso tempo e para os confrontos, que ameaçam dividir esse país, e os quais também tem ecoado na Igreja”, falou dom Pierre.
“Parece que muitos não sabem que estão empenhados neste confronto, demarcando posições, enraizadas em certas verdades, mas que se encontram isoladas no mundo das ideias e não aplicadas à realidade da experiência de fé vivida pelo povo de Deus nas suas situações concretas”, disse ele.
Para definir essa palavra frequentemente repetida nos círculos da Igreja hoje, o núncio explicou o que não é. Ele disse que a sinodalidade não é “uma reunião sobre reuniões” e foi um passo além, ao dizer em forma de piada: “Se fosse esse o caso, certamente estaríamos em um dos anéis inferiores do inferno no Inferno de Dante”.
Ele enfatizou que o termo – e aquilo em que a Igreja está engajada agora na fase de escuta em preparação para o Sínodo de 2023 – vai além do ato físico de ouvir as pessoas para realmente estar perto delas.
Para os bispos, disse ele, esse processo deve começar em casa, escutando uns aos outros. “A Igreja precisa dessa escuta atenta agora mais do que nunca se quiser superar a polarização que este país enfrenta”, disse ele.
O ato de escuta dos bispos também é um meio de dar o exemplo para ajudar os católicos dos EUA a serem discípulos missionários engajados em sua própria escuta e discernimento, o que ele disse que deveria ser um “modo de vida” nas famílias, paróquias, dioceses e na periferia.
Mas para que tudo isso aconteça, também deve haver unidade geral porque, disse ele, “uma Igreja dividida nunca guiará o povo para onde este deveria estar”.
Ao longo de seu discurso de meia hora aos bispos, o núncio continuou a transmitir a mensagem de que mais precisa ser feito para levar a Igreja aonde deveria estar.
Por exemplo, quando ele mencionou que a Igreja “deveria ser assumidamente pró-vida”, ele enfatizou a necessidade de olhar para as causas e fatores que levam as mulheres a buscarem o aborto e então chegarem de maneiras práticas às mães necessitadas.
Na mesma linha, ele disse que a Igreja precisa abordar o racismo e deve ir além, reconhecendo “a realidade vivida” que muitos na Igreja experimentam a cada dia.
Além disso, a respeito da Eucaristia, ele disse que as pessoas podem ter ideias teológicas sobre a Eucaristia, que são importantes, mas “nenhuma dessas ideias se compara com a realidade do mistério eucarístico, que precisa ser descoberto e redescoberto por meio da experiência prática da Igreja, vivendo em comunhão, especialmente neste tempo de pandemia”.
O núncio, aludindo a um tópico que os bispos planejavam abordar em sua discussão sobre sua proposta de declaração sobre a Eucaristia, disse que muitos podem “perder o verdadeiro encontro” da presença real de Cristo na Eucaristia.
Ele também observou que existe “a tentação de tratar a Eucaristia como algo a ser oferecido a poucos privilegiados, em vez de procurar caminhar com aqueles cuja teologia ou discipulado está falhando, ajudando-os a compreender e apreciar o dom da Eucaristia, e ajudando-os a superar suas dificuldades”.
Olhando para trás e para a frente, o arcebispo, que foi nomeado núncio dos Estados Unidos em abril de 2016, reiterou que ele e os bispos “estiveram juntos na estrada por mais de cinco anos” e que caminhariam em unidade, “ouvindo uns aos outros e ao Espírito e andando com nossos irmãos e irmãs”.
“Nós sairemos juntos da crise atual”, disse ele, “como a Igreja que Cristo nos chamou a ser”.
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EUA. Núncio apostólico se dirige aos bispos sobre aborto, racismo e eucaristia: “Uma Igreja dividida nunca guiará o povo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU