12 Novembro 2021
FAO destaca importância crescente de cadeia de abastecimento de alimentos nas emissões de CO2.
A reportagem é publicada por ONU Brasil e reproduzida por EcoDebate, 10-11-2021.
A cadeia de abastecimento alimentar, em muitos países, está ultrapassando a agropecuária e o uso da terra como o maior fonte de emissão de gases de efeito estufa dentro do sistema agroalimentar, de acordo com nova análise da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Segundo a agência da ONU, isso ocorre pelo rápido crescimento de funções como processamento, embalagens e transporte de alimentos, entre outros fatores.
Os novos dados revelam que 31% das emissões de gases de efeito estufa a partir do homem são feitas pelo sistema agroalimentar mundial.
De acordo com um novo estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), apresentado na segunda-feira (08) na COP26, o processamento de comida, o empacotamento, o transporte, o consumo familiar e o descarte de resíduos estão colocando a cadeia de fornecimento alimentar no topo da lista de emissores de gases de efeito estufa.
Em sua análise, a FAO sustenta que a cadeia de abastecimento alimentar, em muitos países, está ultrapassando a agropecuária e o uso da terra como a maior fonte de emissão de gases de efeito estufa dentro do sistema agroalimentar.
Além disso, atividade agrícola independente e mudanças no uso da terra respondem atualmente por mais da metade da produção de dióxido de carbono (CO2) no sistema agroalimentar em algumas regiões. Nos países em desenvolvimento, isso dobrou nas últimas três décadas.
Para o economista-chefe da FAO, Maximo Torero, a tendência mais importante, destacada pela análise, que começa nos anos 1990, é o papel crescente das emissões do setor alimentício fora das terras agrícolas, seus processos de pré e pós produção juntamente da cadeia de fornecimento, em todas as escalas.
“Isso tem uma repercussão importante para as estratégias nacionais de mitigação relevantes para a alimentação, considerando que, até recentemente, elas focavam principalmente na redução da emissão de CO2 na mudança de uso da terra e da emissões de outros gases dentro das terras agrícolas”, explicou.
Usando uma série de dados mais amplos, as novas análises permitem que os fazendeiros e organizadores governamentais entendam as conexões entre suas ações propostas no Acordo de Paris em mudanças climáticas, e que os consumidores entendam melhor o aumento da pegada do carbono causado pelas cadeias de abastecimento globais.
Detalhes, que serão atualizados anualmente, em todas as partes do sistema agroalimentar em todos os países e territórios entre 1990 e 2019, podem ser acessados facilmente através do portal FAOSTAT.
“A FAO está satisfeita em oferecer esse bem público global, uma série de dados que direta e detalhadamente trata dos maiores desafios de nosso tempo e que agora está disponível para todos. Esse tipo de conhecimento pode estimular conscientização e ações significativas”, afirmou Torero.
Os novos dados revelam que 31% das emissões de gases de efeito estufa a partir do homem são feitas pelo sistema agroalimentar mundial.
Enquanto isso, um resumo analítico enfatiza como os fatores da cadeia de abastecimento estão levando a um aumento das emissões de gases efeitos estufa no sistema agroalimentar e o papel cada vez mais importante do desperdício de alimentos longe das terras agrícolas.
Essa informação tem uma repercussão importante para as estratégias nacionais que visam diminuir as emissões.
Dos 16,5 bilhões de toneladas das emissões dos gases de efeito estufa do sistema agroalimentar global em 2019, 7,2 bilhões de toneladas são produzidos dentro das terras agrícolas, 3,5 da mudança do uso da terra, e 5,8 bilhões nos processos da cadeia de fornecimento, segundo as novas análises.
O estudo da FAO aponta que o abastecimento é responsável pela maior parcela de emissões de dióxido de carbono. Nas atividades agrícolas, o principal gás emitido é o metano e óxido nitroso.
Em 2019, o desmatamento foi a principal causa de emissões de gases do efeito estufa, seguido de esterco do gado, consumo doméstico, descarte de resíduos alimentares, uso dos combustíveis fósseis nas fazendas e setor varejista de alimentos.
A divisão de emissões no sistema agroalimentar possui características próprias em cada continente. A Ásia, região mais populosa do mundo, é a principal emissora, seguida pela África, América do Sul, Europa, América do Norte e Oceania.
No entanto, o estudo concluiu que as emissões na produção da cadeia de abastecimento representaram mais da metade do total na Europa e na América do Norte. O número em países da África e América do Sul fica abaixo de 14%.
Os dados também variam entre os países. Enquanto as emissões causadas por mudança no uso da terra são pequenas em países como China, Índia, Paquistão e Estados Unidos da América, elas são dominantes no Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo.
Já na cadeia de abastecimento, os processos de consumo doméstico foram a principal fonte de emissões na China e o descarte de alimentos liderava no Brasil, República Democrática do Congo, Indonésia, México e Paquistão.
Nos Estados Unidos, Rússia e Canadá, o varejo domina as emissões. O uso de energia nas fazendas foi a maior fonte da Índia.
A Divisão de Estatísticas da ONU, Agência Internacional de Energia e pesquisadores da Universidade de Columbia e do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático colaboraram com a FAO nas análises.
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Sistema agroalimentar mundial responde por 31% das emissões de gases de efeito estufa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU