25 Agosto 2021
Quase dois anos depois que o Papa Francisco anunciou que estaria reformando a comissão sobre o diaconato feminino, o Tablet pode reportar que um primeiro encontro está agendado para meados de setembro.
A reportagem é de Christopher Lamb, publicada por The Tablet, 23-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A reunião da comissão ocorre um pouco antes do lançamento do processo sinodal global, que reunirá leigos, padres e bispos nas igrejas locais para discernir novas prioridades pastorais. As mulheres diáconas certamente estarão na agenda.
A pandemia de covid-19 atrasou o trabalho da comissão e o grupo não se reuniu remotamente. Se a pandemia permitir, os membros são esperados em Roma para uma semana de discussões a partir de 13 de setembro. Dois membros da comissão confirmaram a reunião de setembro com The Tablet.
Uma análise dos membros da comissão sugere uma divisão uniforme entre aqueles que são a favor e contra as mulheres diáconas, e o perigo é uma repetição do que aconteceu com a primeira comissão, que o Papa disse não ter conseguido chegar a um acordo.
No entanto, embora os membros dessa comissão tenham apresentado suas evidências, não viram o que foi apresentado ao Papa pelo cardeal Luis Ladaria, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que supervisionou o trabalho.
Uma questão crítica é o que a nova comissão deverá discutir. Ninguém está contestando a presença de diáconas na Igreja primitiva, mas aqueles que se opõem a reintegrar as mulheres diáconas argumentam que elas não foram ordenadas, e apenas realizavam tarefas relacionadas às mulheres, como ajudar em batismos. Alguns dos membros da comissão expressaram ceticismo de que os papéis desempenhados por mulheres diáconas eram semelhantes aos dos homens.
Mas a nova comissão poderia ter a tarefa de examinar a natureza do serviço diaconal ordenado e quais tarefas realizadas por diáconos homens são impossíveis para as mulheres.
Embora os oponentes digam que a ordenação de mulheres diáconas será usada como um cavalo de caça para um sacerdócio feminino, o Concílio Vaticano II enfatizou que o diaconato é um “ministério de serviço”, e Bento XVI mudou a lei canônica em 2009 para reforçar a distinção entre o sacerdócio ordenado e diaconato. As questões em jogo dizem respeito ao serviço eclesial, não à doutrina, e, portanto, também poderiam ser abordadas pelos sínodos locais, juntamente com a comissão papal.
No entanto, qualquer abertura para mulheres diáconas será ferozmente resistida por alguns em Roma, com os cardeais da cúria que se acredita estarem entre aqueles que se opuseram a qualquer abertura para o diaconato feminino no Sínodo Pan-Amazônico. A CDF é considerada o centro de resistência à mudança.
Uma potencial virada de jogo é a escolha do cardeal Giuseppe Petrocchi, o arcebispo multilíngue da arquidiocese central italiana de L'Aquila e um conselheiro de confiança de Francisco, para liderar a nova comissão. É significativo que o Papa tenha escolhido alguém de fora da CDF para liderar a comissão. Trabalhando com Petrocchi, como secretário, estará o padre Denis Dupont-Fauville, um funcionário relativamente novo no escritório de doutrina, que costumava supervisionar o diaconato permanente da Arquidiocese de Paris.
Quando solicitado a comentar sobre o próximo encontro e sobre as instruções recebidas do Papa, o padre Dupont-Fauville disse que não podia comentar porque o trabalho deles estava coberto pelo segredo pontifício. Francisco encontrou-se com o cardeal Petrocchi e o padre Dupont-Fauville em 26 de outubro de 2020.
Depois que a primeira comissão sobre mulheres diáconas supostamente terminara em um impasse, muitos presumiram que o assunto havia sido escanteado. No entanto, na fase de consulta para o Sínodo Pan-Amazônico “foi solicitado o diaconato permanente para as mulheres”, enquanto os bispos da região pediram “compartilhar nossas experiências e reflexões”. Francisco disse que “aceitaria o desafio” e reiniciaria a comissão, nomeando novos membros em 8 de abril de 2020.
O documento final do Sínodo Pan-Amazônico conclamava “a Igreja na Amazônia a promover e conferir ministérios para homens e mulheres de maneira equitativa”. Este ano, Francisco fez mudanças na lei da Igreja para permitir que as mulheres fossem formalmente instituídas nos ministérios do leitorado e acolitado, assim como estabeleceu o ministério de catequista, que será aberto a homens e mulheres.
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Nova comissão do Vaticano de estudo do diaconato feminino agenda o primeiro encontro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU