17 Agosto 2021
Bartolomeu, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, fará um discurso na Praça Kossuth em 11 de setembro, antes do evento mais espetacular do Congresso Eucarístico Internacional, a procissão eucarística com as tochas.
A reportagem é publicada pelo sítio do 52º Congresso Eucarístico Internacional Budapeste, 05 a 12/09/2021, 30-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
A comunidade que vivia na ilha de Imbros conhecia Bartolomeu pelo nome de Dimitrios Archondanis: quando criança era coroinha, ajudava o sacerdote de sua cidade natal em seu ministério.
Na Igreja de São Jorge, no centro da aldeia e também nas capelas localizadas nos cantos da ilha, o jovem Dimitrios sempre acompanhou seu padre espiritual, Padre Aszterios, ajudando-o como coroinha. Nas sendas estreitas e montanhosas, passavam de uma comunidade a outra sob a chuva, com o vento, a tarefa do menino era carregar os objetos, os recipientes da divina liturgia. Muitas vezes, apenas os dois estavam presentes nas capelas quando o padre tocava os sinos.
Quando jovem coroinha, Dimitrios não sonhava com uma vocação sacerdotal, mas viveu a presença mística de Deus na liturgia. A motivação para se tornar padre foi a de fazer algo importante para sua Igreja. Dimitrios Archondanis serviu no exército turco, depois recebeu sua ordenação sacerdotal aos 21 anos. Em 1991, foi eleito à frente do Patriarcado Universal como o 270º sucessor de Santo André, com o nome de Bartolomeu. Ele estudou em Roma, Bossey e Munique. Desde 2013, o patriarca foi colocado sob a proteção extraordinária da polícia porque foi descoberto o plano de um atentado contra ele, prenderam várias pessoas por esse motivo.
Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. (Foto: 52nd International Eucharistic Congress)
O portal ortodoxszemle.org citou um testemunho do patriarca no qual ele falou de sua experiência mais importante na vida: quando ele entendeu que “nós somos criados, nossa vida foi doada, em última instância por Deus (tudo vem Dele). Na liturgia, experimentamos de maneira extraordinária a presença de Deus e o fato de que somos chamados à vida em Deus (tudo por meio Dele). A Eucaristia significa agradecimento, na qual a vida segue em direção a Ele (tudo em direção a Ele). A razão para se tornar sacerdote foi o desejo de viver continuamente a presença misteriosa de Deus na celebração da Igreja. Sua visão de vida é uma vida cristã na presença real de Deus.
Bartolomeu é frequentemente chamado de “o patriarca verde”. Está empenhado com a aliança panortodoxa, com o diálogo ecumênico e com a proteção da natureza. Ele fala sete línguas: grego, turco, italiano, alemão, francês, inglês e latim. “A união entre Cristãos Orientais e Cristãos Ocidentais é uma causa santa” - destaca o patriarca. Para Bartolomeu, é evidente que a ortodoxia pertence à Europa, à chamada “civilização ocidental”. A Ortodoxia não é uma civilização oriental à parte dentro da estrutura de uma Europa unida.
O patriarca de Constantinopla desde o século VI carrega o título de "ecumênico", mas o governo turco ainda hoje não o reconhece. O patriarca de Constantinopla é o guia espiritual de 300 milhões de fiéis ortodoxos. A sede de Bartolomeu I. fica na Turquia, onde 99% da população é muçulmana, apenas 4.000 cristãos ortodoxos vivem lá. A comunidade cristã ortodoxa, depredada de seus bens, é uma minoria indesejável no país do Oriente Médio, as autoridades turcas confiscaram, fecharam suas igrejas, seus mosteiros, suas escolas.
Aos olhos das autoridades locais, o patriarca é apenas um bispo. "Sentimos que eles nos consideram cidadãos de segundo grau, não temos os mesmos direitos que nossos concidadãos turcos" - disse Sua Santidade em uma entrevista ao Greek City Times.
Questionado pelo repórter - por que o líder de uma comunidade ortodoxa de milhões de pessoas insiste em permanecer em um país com 99% da população muçulmana - o patriarca respondeu: “Amamos nosso país, nascemos aqui e queremos morrer aqui. Sentimos que temos aqui a nossa missão que nos liga a esta terra há 17 séculos”.
Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. (Foto: 52nd International Eucharistic Congress)
O patriarca não entende por que as autoridades turcas não respeitam a sua comunidade. “Encontrei-me várias vezes com o Primeiro-Ministro, dirigi-me a ele com problemas concretos, pedi a sua ajuda. Mas em vão” - declarou ele. O líder religioso contesta que sua comunidade venha a desaparecer da terra: “Até agora sobrevivemos e acreditamos em milagres”.
Para o líder religioso ortodoxo, a decisão com a qual o presidente turco tornou recentemente mesquita Hagia Sophia, que originalmente era uma catedral bizantina, é chocante e triste. “O que deveria dizer como líder cristão, patriarca de Constantinopla? Esta herança de 1500 anos nos divide em vez de nos unir"- disse Bartolomeu I.
O patriarca tomou sua decisão sobre a autonomia da Igreja Ortodoxa ucraniana em 11 de outubro de 2018. Com o documento assinado em Istambul ele reconheceu oficialmente a Igreja Ucraniana autônoma (autocéfala), canonizando sua ruptura com a Igreja Ortodoxa russa com a qual estava unida desde 1686. A resposta da Igreja Ortodoxa russa foi interromper as relações com o Patriarcado de Constantinopla, declarando que é impossível conservar os laços eucarísticos.
Moscou e outras igrejas ortodoxas veem esta decisão tomada em Istambul como o maior conflito eclesiástico no Cristianismo em mil anos. O Patriarca Bartolomeu explicou: “Infelizmente, nossa igreja irmã cortou relações conosco para expressar seu descontentamento pela igreja ucraniana. Mas nós amamos a igreja russa apesar de tudo”. Ele acrescentou. “Todos sofremos com a ruptura e gostaria que a relação entre as nossas Igrejas em breve voltasse a se caracterizar pela paz e pelo amor”.
Em 20 de agosto se completarão 21 anos desde que a igreja oriental homenageia nosso rei fundador do país como um santo da igreja. Nosso Rei Santo Estêvão reconciliou um conflito que durou desde 1054, quando em 20 de agosto de 2000 o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, o reconheceu como um santo da Igreja Ortodoxa. Ele canonizou o nosso primeiro rei da casa de Árpád e com ele também o primeiro bispo missionário, São Hierotheosz que chegou em nosso país de Constantinopla, fundou igrejas, mosteiros, batizou Sarolt, a mãe do rei Estevão.
Diante da Basílica de Santo Estevão, em uma santa missa solene, Sua Santidade anunciou a bula em honra do nosso primeiro rei da Igreja Ortodoxa como santo. A decisão do líder ortodoxo é extraordinária também porque desde o cisma que aconteceu em 1054, não há precedente da igreja ortodoxa reconhecer como seu um santo da igreja católica romana. Podemos dizer que pelo reconhecimento do gesto que o patriarca foi honrado com a Grande Cruz da República Húngara e foi eleito doutor ad honorem da Universidade Católica Pázmány Péter.
O Patriarcado Universal de Constantinopla detém o primado da honra entre as 15 igrejas ortodoxas autônomas. A igreja submetida ao patriarca de Antioquia tornou-se autônoma em 330, e logo em seguida se tornou a segunda igreja mais importante depois de Roma. Seu território é muito menor do anterior, por enquanto nos pertence a Turquia, a Grécia setentrional e algumas ilhas gregas no Mediterrâneo. As comunidades gregas na diáspora, bem como a que vive na Hungria e também as paróquias ortodoxas com fiéis húngaros seguidores da tradição bizantina estão sujeitas ao patriarcado. Na Hungria, durante o censo de 2011, 1.701 pessoas se identificaram como de religião grego-ortodoxa.
Fontes: ortodoxszemle, Greek City Times, YouTube, gondola.hu, Magyar Kurír, maltai.hu.
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