12 Fevereiro 2021
Cada vez mais mexicanos estão se identificando como protestantes, enquanto a Igreja Católica assiste à sua população lentamente ficar para trás.
A reportagem é de Youna Rivallain, publicada por La Croix International, 11-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
México é o segundo país com a maior população católica no mundo, atrás apenas do Brasil.
Mas uma recente pesquisa mostrou que apenas 77.7% dos mexicanos identificam-se hoje como católicos. Esse é o percentual mais baixo já registrado.
Ao longo das últimas duas décadas, a porcentagem de católicos neste vibrante país latino-americano continuamente declina.
Caiu dez pontos entre 2000 e 2020, indo de 88% para 77.7%.
A mesma coisa aconteceu no período entre 1950 e 2000. Quase 98% dos católicos eram católicos e caíram para 88%.
Isso foi revelado pelo censo decenal, a cargo do INEGI, Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México.
Enquanto o catolicismo se demonstrou em declínio, as comunidades protestantes – pentecostais, em particular – estão registrando o maior crescimento já observado.
Enquanto apenas 7.5% dos mexicanos diziam ser protestantes em 2010, mais de 11% deles disseram ser membros de alguma denominação em 2020.
Em um país com forte tradição católica, um em cada dez mexicanos agora é protestante.
Essa é a primeira vez na história do México.
Além do crescimento do protestantismo, a pesquisa do INEGI menciona um significativo aumento no número de pessoas “sem religião”.
Eles são atualmente um pouco mais que dez milhões, ou 8,1% da população.
Em 2010, apenas 4.7% dos mexicanos disseram não pertencer a um grupo religioso.
O censo também pesquisou a proporção de agnósticos (pessoas que acreditam sem pertencer a uma religião). Em 2020 eles representavam 2,5% da população, ou 3 milhões de pessoas.
O censo de 2010 não registrou essa categoria.
“A pluralização religiosa na América Latina, a qual se tornou evidente em 1990, está agora ‘galopando’, para a grande preocupação de uma série de líderes religiosos concorrentes”, disse a pesquisadora de religiões Blandine Chelini-Pont, professora de História Contemporânea na Universidade de Aix-Marseille, na França.
Ela disse que o crescimento do protestantismo na América Latina está ligado ao “movimento de globalização religiosa, desconectando religiões das tradicionais autoridades superiores (notavelmente o Estado e a Igreja) e disseminando praticantes através de conversões e migração”.
Um dos fatores explicativos poderia ser a imigração e a influência dos Estados Unidos, no norte mexicano.
Mais de 1 milhão de estadunidenses vivem no México e incontáveis números de mexicanos foram para os Estados Unidos. Muitos deles se converteram ao protestantismo. E aqueles que retornaram ao México evangelizam seus pares.
As estatísticas no México ilustram um declínio gradual do catolicismo por toda a América Latina. Isso em parte se deve ao crescimento do Evangelicalismo.
Em seu livro de 2018, “Jésus t’aime” (“Jesus te ama”, em tradução livre), a jornalista Lamia Oualalou conta sobre a penetração do Protestantismo Evangélico no Brasil.
Ela aponta que os católicos frequentemente entram nas “igrejas concorrentes” porque são mais dinâmicas e carismáticas – em qualquer sentido da palavra.
O jornal evangélico estadunidense Christianity Today apoia essa análise.
Eles dizem que – especialmente no México – Batistas, Metodistas e Presbiterianos tendem a “se pentecostalizar” mais e mais, através da oração enérgica, o aprimoramento dos dons espirituais e curas.
Mas a denominação protestante mais fortemente representada no México é “não denominacional”, o outro nome para evangelicalismo.
O instituto mexicano de pesquisa Latinobarómetro apresentou estatísticas que mostram que os evangélicos tendem a praticar sua fé mais do que os católicos.
Uma pesquisa de 2018 mostrou que 63% dos mexicanos que se identificaram como cristãos não denominacionais disseram que praticavam sua fé, em comparação com apenas 41% dos católicos.
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México. Protestantismo está começando a ultrapassar o catolicismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU