07 Janeiro 2021
A pandemia da Covid-19 está provocando situações dramáticas em todo o mundo, também no Brasil, o segundo país do mundo com mais falecidos, que está próximo de superar os 200 mil mortos. Diante desta situação, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB emitiu neste 6 de janeiro uma nota que tem por título “Unidos e Responsáveis Rumo ao Novo que Desejamos”.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
A nota contém 11 pontos, tendo como ideia fundamental a necessidade de união. Em suas palavras, a presidência do episcopado brasileiro insiste na dor das famílias e destaca a importância do cuidado de si próprio e dos outros, e do respeito “ao distanciamento social e atenção aos protocolos sanitários indicados pelas autoridades em saúde”, algo que não está acontecendo entre boa parte da população, inclusive entre os próprios governantes, algo que se faz presente na indiferença e negacionismo de alguns, como recolhe a nota.
Os bispos brasileiros insistem em que “a vacina seja para todos”, e na “rápida definição de estratégias para se começar imediatamente a vacinação”. Nesta luta contra a pandemia, a presidência da CNBB afirma que “a Igreja Católica assume seu compromisso de colaborar como força educativa e solidária rumo a um novo estilo de vida”. A nota também cobra união entre as diferentes esferas de poder, algo urgente num país cada vez mais dividido, pedido que sejam escutados os cientistas, no intuito de evitar a perda de vidas e os impactos econômico-sociais.
A atenção aos mais vulneráveis e pobres se torna fundamental para os bispos brasileiros, lembrando a importância da solidariedade, segundo recolhe a Fratelli tutti, que deve nos levar “a que cada pessoa assuma a própria responsabilidade no cuidado com o seu semelhante e com a Casa Comum”. Finalmente faz um chamado a refletir sobre “as lições desta pandemia, para que possamos superá-la e avançarmos na construção de um mundo mais saudável, a partir da fraternidade e da solidariedade universal”.
“Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10)
1. O novo que buscamos neste ano de 2021 requer a união de todos os cidadãos de boa vontade para enfrentamento da covid-19. Os números mostram que a pandemia está se tornando mais grave no Brasil. Já são cerca de 200 mil mortos.
2. As vidas perdidas não podem simplesmente compor quadros estatísticos. É luto e dor no coração das famílias. São histórias interrompidas por uma ameaça ágil, perigosa e invisível, porém real.
3. Para erradicar a covid-19, é imprescindível que todos caminhem juntos, solidariamente, sem exclusões. É preciso reconhecer que o vírus não respeita fronteiras, classes sociais e qualquer outra forma de categorização que, com tanta frequência, fundamentam lamentáveis discriminações.
4. A palavra de ordem é, portanto, união. É preciso haver, cada vez mais, corresponsabilidade no enfrentamento deste desafio sanitário e social. Não se vence uma pandemia isoladamente. Cada pessoa deve cuidar de si e, principalmente, do outro, que é irmão e irmã, com profundo respeito ao distanciamento social e atenção aos protocolos sanitários indicados pelas autoridades em saúde.
5. Não podemos nos render à indiferença de alguns, negacionismos de outros ou à tentação de nos aglomerarmos, permitindo que nos contaminemos e nos tornemos instrumentos de contaminação, sofrimento e morte de outras pessoas. Não deixemos que o cansaço e a desinformação nos levem a atitudes irresponsáveis. Sejamos fortes! Permaneçamos firmes!
6. A vacina seja para todos. É uma questão de responsabilidade a rápida definição de estratégias para se começar imediatamente a vacinação, compreendida como fato social, não individual, para alcançar metas indicadas pelos epidemiologistas.
7. Justiça, solidariedade e inclusão são os principais critérios a serem seguidos no enfrentamento desta pandemia. Cada instituição e segmento da sociedade têm graves responsabilidades neste processo. Por isso, a Igreja Católica assume seu compromisso de colaborar como força educativa e solidária rumo a um novo estilo de vida.
8. A sociedade brasileira exige pronta união e atuação dos governantes, nas diferentes esferas do poder, guiados pela ciência e sérias indicações dos epidemiologistas, para que a vacinação comece urgentemente, pois, a cada dia, vidas são perdidas para a pandemia, agravada também por seus impactos econômico-sociais.
9. Especial atenção seja dedicada aos mais vulneráveis e pobres. É inaceitável e pouco inteligente que a vacina chegue mais rapidamente a alguns, deixando a descoberto a maior parte da população.
10. O Papa Francisco, na Carta Encíclica Fratelli Tutti, ensina que a palavra solidariedade expressa muito mais do que gestos esporádicos. “A solidariedade, no seu sentido mais profundo, é uma forma de fazer história” (Carta Encíclica Fratelli Tutti, n. 116). A humanidade está adoecida pela pandemia e só encontrará a cura se caminhar unida, adotando a solidariedade como princípio que orienta as relações, para que todos tenham a oportunidade de se vacinar, para que cada pessoa assuma a própria responsabilidade no cuidado com o seu semelhante e com a Casa Comum.
11. Deus, que nos fez livres e corresponsáveis pela obra da Criação, pelo cuidado uns dos outros, ajude-nos a aprender com as lições desta pandemia, para que possamos superá-la e avançarmos na construção de um mundo mais saudável, a partir da fraternidade e da solidariedade universal.
Brasília-DF, 6 de janeiro de 2021
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
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Presidência da CNBB pede vacina para todos e união para enfrentar a Covid-19 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU