18 Novembro 2020
Biden planeja rotular os países como “fora da lei” por não cumprirem as metas para reverter as mudanças climáticas. O Brasil pode ser o primeiro da lista.
A reportagem é de Nicole Matos, publicada por Portal Amazônia, 16-11-2020.
O novo presidente eleito dos EUA, Joe Biden, prometeu conforme descrito no “plano climático”, levar o país de volta ao Acordo de Paris e através de um novo “Relatório de Mudança Global do Clima”, responsabilizar os países pelo “cumprimento ou por não cumprir, seus compromissos do acordo climático e para outras etapas que promovem ou minam as soluções climáticas globais.”
O atual presidente, Donald Trump, notificou em novembro de 2019 a Organização das Nações Unidas (ONU), confirmando a saída do país do Acordo de Paris. Trump disse que negociaria um retorno ao pacto climático em termos “mais justos para os EUA”.
Durante o primeiro debate presidencial de 2020, Biden deu uma indicação de um dos primeiros países potencialmente rotulados de “fora da lei”: o Brasil. Ele disse que vai reunir países para levantar US$ 20 bilhões para doar ao Brasil, para proteger e não queimar mais a Amazônia.
“(A comunidade internacional diria ao Brasil) aqui estão US$ 20 bilhões, pare de destruir a floresta. E se não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas”, afirmou Biden no debate.
Desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil enfrenta severos incêndios florestais, que segundo pesquisadores e ambientalistas, estão relacionados as mudanças climáticas e ao desmatamento ilegal em massa, aonde fazendeiros e mineiros tiveram muito mais liberdade para limpar a floresta e lucrar com atividades comerciais, e atear fogo é uma das maneiras mais usadas e baratas de fazer isso.
Em 2019, Bolsonaro visitou a Casa Branca e firmou parceria com Donald Trump. “Este nosso encontro retoma uma antiga tradição de parceria e, ao mesmo tempo, abre um capítulo inédito da relação do Brasil com os Estados Unidos. Hoje, destravamos assuntos que já estavam na pauta há décadas e abrimos novas frentes de cooperação”, disse Bolsonaro.
Já com o novo presidente eleito, Bolsonaro tratou de ironizar as declarações que ameaçavam o Brasil com sanções por conta da devastação na Amazônia, feitas por Biden. “Recentemente ouvi um candidato presidencial a chefe de estado dizer que se eu não apagar o fogo na Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil. Como lidamos com tudo isso? A diplomacia não é suficiente. Porque quando acabar a saliva, tem que ter pólvora ”
Com a saída de Trump, a maioria dos países do mundo irão trabalhar para atingir a meta de 2 graus do Acordo de Paris. Por conta disso, a crescente pressão global pode levar Bolsonaro e seu governo a uma vergonha internacional. Os Estados Unidos e a comunidade internacional têm influência econômica significativa que poderiam exercer sobre Bolsonaro para pressioná-lo a mudar suas políticas.
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Joe Biden pode classificar o Brasil como um país “fora da lei do clima” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU