10 Novembro 2020
Dom Georg Bätzing, presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, reafirmou no domingo sua visão que a intercomunhão com protestantes seria possível, apesar das objeções do Vaticano.
Ele fez o comentário em uma mensagem ao Sínodo da Igreja Evangélica da Alemanha, no dia 08 de novembro.
A reportagem é publicada por CNA, 09-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“A comunidade na fé, a qual já está ecumenicamente visível de diferentes maneiras, tem como objetivo a unidade que também se faz possível pela experiência da comunhão na Eucaristia e na Ceia do Senhor”, escreveu Bätzing.
Ele considerou que era “bom” que o documento produzido pelo Grupo de Estudos Ecumênicos de Teólogos Católicos e Protestantes (ÖAK), chamado “Juntos à Mesa do Senhor”, tem “remodelado o debate sobre as questões que permaneceram abertas” o que o artigo chama de “hospitalidade eucarística recíproca” entre católicos e protestantes.
Como a CNA alemã reportou, Bätzing continuou: “Farei todos os esforços na conferência dos bispos e também no diálogo com Roma para garantir que um discurso intensivo seja realizado sobre esta questão e que as conclusões dos diálogos ecumênicos sejam examinadas e postas em prática”.
A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) disse em setembro que a proposta feita em “Juntos à Mesa do Senhor”, emitida em setembro de 2019, não fazia justiça ao entendimento católico da Igreja, da Eucaristia e das Ordens sagradas.
O texto de 57 páginas defendia a “hospitalidade eucarística recíproca” entre católicos e protestantes, com base em acordos ecumênicos anteriores sobre a Eucaristia e o ministério. Em resposta, a CDF emitiu uma carta em 18 de setembro, assinada pelo prefeito, cardeal Luis Ladaria, e pelo secretário, o arcebispo Giacomo Morandi.
A carta foi acompanhada por uma nota doutrinária de quatro páginas levantando uma série de questões teológicas. A CDF disse que o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos do Vaticano, havia solicitado uma avaliação doutrinária do documento em maio. Ele observou que os bispos alemães haviam discutido o texto em sua reunião plenária naquele mês em Mainz.
A carta da CDF dizia: “A questão da unidade da Eucaristia e da Igreja, na qual a Eucaristia pressupõe e realiza a unidade com a comunhão da Igreja e sua fé com o Papa e os Bispos, é subestimada no documento mencionado”.
“As percepções teológicas essenciais e indispensáveis da teologia eucarística do Concílio Vaticano II, que são amplamente compartilhadas com a tradição ortodoxa, infelizmente não foram adequadamente refletidas no texto”.
O cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse em uma entrevista em setembro que acreditava que o papa apoiava a intervenção do escritório doutrinário do Vaticano.
“Também ouvi de outras fontes que o papa expressou sua preocupação em conversas pessoais”, disse Koch, explicando que não estava se referindo simplesmente à questão da intercomunhão.
“Não apenas, mas sobre a situação da Igreja na Alemanha em geral”, disse ele, observando que o papa Francisco dirigiu uma longa carta aos católicos alemães em junho de 2019.
CNA Alemã reportou que o ÖAK adotou o documento da intercomunhão sob a coliderança de Bätzing e do bispo luterano emérito Martin Hein.
Acrescenta-se que Bätzing anunciou recentemente que as recomendações dos textos seriam postas em prática no Congresso Ecumênico das Igrejas, que ocorrerá em Frankfurt, em maio de 2021.
O ÖAK foi fundado em 1946 para fortalecer os laços ecumênicos. É independente tanto da Conferência dos Bispos Católicos da Alemanha quanto da EKD, uma organização que representa 20 grupos protestantes, mas informa a ambos sobre suas deliberações.
A congregação doutrinal enfatizou que diferenças significantes no entendimento da eucaristia e do ministério entre protestantes e católicos ainda permanecem.
“As diferenças doutrinais são ainda muito importantes para a participação recíproca na Ceia do Senhor e na Eucaristia”, disse.
“O documento não pode, portanto, servir de guia para uma decisão individual de consciência sobre a abordagem da Eucaristia”.
A CDF acrescentou que o texto do ÖAK deve inspirar mais discussões teológicas. Mas alertou contra quaisquer medidas em direção à intercomunhão.
“No entanto, uma abertura da Igreja Católica para a comunhão da ceia eucarística com as igrejas membros da EKD no estado atual da discussão teológica, necessariamente abriria novas lacunas no diálogo ecumênico com as Igrejas Ortodoxas, não apenas na Alemanha”, disse o documento.
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Líder dos bispos católicos da Alemanha retoma a intercomunhão depois das objeções do Vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU