14 Outubro 2020
Os bolivianos se preparam para escolher no próximo domingo (18) o novo presidente do país. Após o fiasco da eleição de 2019, quando Evo Morales deixou o cargo depois de ter sido reeleito e se exilou, essa nova tentativa de eleger um chefe de Estado é marcada por tensão e incertezas.
A reportagem é de Alice Campaignolle, publicada por Radio França Internacional - RFI, 13-10-2020.
A palavra “tensão” é a que melhor define essa última semana da campanha eleitoral boliviana. Os militantes dos diferentes partidos se enfrentam quando se cruzam nas ruas e os insultos muitas vezes se transformam em agressões físicas.
Os candidatos também são alvo da violência, que se manifesta sob forma de notícias falsas visando os presidenciáveis. O centrista Carlos Mesa, por exemplo, viu seu nome em um documento fraudulento atestando que ele sofria de Alzheimer.
A tensão também reina no partido do governo. Em apenas algumas semanas, três ministros deixaram o cargo, após desentendimentos com a presidente interina Jeanine Añez. Há quem tema uma explosão de violência no dia da votação e no momento da apuração. Além dos eleitores, que prometem se revoltar caso o resultado não corresponda ao que esperam, as denúncias de possíveis fraudes eleitorais se multiplicam antes mesmo do início do voto.
Todas as pesquisas de opinião apontam a vitória de Luis Arce, candidato do partido MAS, que foi ministro da Economia de Evo Morales. Ele é considerado um dos responsáveis pela boa saúde econômica do país desde 2006. De acordo com os institutos de sondagem, Arce teria 34% dos votos e iria para o segundo turno com Carlos Mesa, que reúne 28% das intenções de voto.
Mesa foi presidente interino durante pouco tempo. Na época, diante das tensões sociais que tomavam conta do país, ele não conseguiu governar.
Mas a campanha também conta com um outsider. Trata-se de Fernando Camacho, um conservador próximo da extrema direita, que ganhou fama durante as manifestações contra Evo Morales.
Porém, entre 20% e 25% ainda aparecem nas pesquisas como indecisos. Essa massa até agora silenciosa pode fazer a diferença na hora do voto.
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Campanha presidencial da Bolívia entre na reta final com tensões entre candidatos e eleitores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU