01 Setembro 2020
Quando pensamos na criação de Deus, que imagem nos vêm à mente? É o sol no alvorecer, surgindo sobre uma campina pacífica repleta de flores silvestres? Ou uma mulher a tirar água de um poço num cenário de seca durante um período de estiagem? Podemos pensar ainda em uma vasta floresta carbonizada em tons de cinza e preto em decorrência das queimadas?
A reportagem é publicada por National Catholic Reporter – NCR, 31-08-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Criação” pode significar muitas coisas. Geralmente, seu sentido depende do nosso entorno, bem como de onde estivemos.
Na encíclica de 2015, Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum, o Papa Francisco diz que “Esta contemplação da criação permite-nos descobrir qualquer ensinamento que Deus nos quer transmitir através de cada coisa”. Diz ainda que “Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, refletir sobre o nosso estilo de vida e os nossos ideais”.
“Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem esta abertura para a admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos”, escreveu ele.
Ao longo de sua carreira, o fotógrafo e jornalista Paul Jeffrey certamente experienciou esta admiração e este encanto de que fala o papa. Ele também testemunhou a destruição que a atividade humana traz aos ecossistemas e àqueles que os chamam de lar. Com uma câmera em mãos, Jeffrey documentou todas estas dimensões da criação, primeiramente como missionário na América Central e, depois, nos anos de viajante mundo afora.
Esta contemplação da criação que o papa descreve é o pontapé inicial para a nova série de reflexões espirituais do sítio eletrônico EarthBeat, chamada “Enfocando a Criação”. A série acompanha o Tempo da Criação, que começa em 1º de setembro e vai até 4 de outubro.
Na série A Criação em foco, Jeffrey conduzirá os leitores a uma expedição visual para dentro das imagens da criação feitas em suas viagens. Ele conta as histórias por trás das fotos, apresentando os povos e os ambientes retratados, juntamente com as ameaças que estes sofrem e o trabalho empreendido de salvaguarda do mundo natural que chamam de casa.
“Não tem como separar o cuidado do planeta do cuidado da saúde e dignidade das pessoas e famílias”, escreve o fotógrafo na reflexão de abertura da série.
Em Enfocando a Criação, Jeffrey levará os leitores a uma Filipinas pós-tufão, ao lixão de uma cidade na Índia, ao topo do Monte Tahoma, em Washington, e mesmo ao seu próprio quintal, no Oregon.
Inspirado no tema deste ano do Tempo da Criação – “Jubileu pela Terra” –, Jeffrey reflete sobre as consequências das decisões humanas em muitos locais do mundo retratados nas fotos. Através das histórias das pessoas, explora como a mudança climática tem tornado mais destrutivos os desastres naturais, limitado o acesso a água potável, arruinado culturas de café na Guatemala e levado a conflitos na África. Ao mesmo tempo, ele traz exemplos de como decisões estratégicas podem também renovar a vida.
Jeffrey igualmente apresenta aqueles lugares próximos de casa com sugestões de estudos, reflexão e ação.
O Papa Francisco nos lembra de que estamos todos conectados, uns com os outros e com os ecossistemas. A decisão sobre o que compramos pode afetar as pessoas em lugares distantes. E as lutas delas por justiça ambiental espelha às vezes aquela luta das pessoas que vivem no bairro onde moramos, talvez em locais onde nunca observamos.
“Temos uma capacidade horrível de destruir a criação divina”, escreve Jeffrey. “Mas temos também a capacidade de confessar o nosso pecado ambiental e trabalhar pela restauração da integridade do planeta que compartilhamos com uma variedade surpreendente de animais e plantas”.
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Apresentando a série ‘A Criação em foco’ para o Tempo da Criação 2020 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU