17 Agosto 2020
A instrução vaticana “A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja”, do dia 20 de julho, continua sendo fortemente debatida nos países de língua alemã.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por The Tablet, 14-08-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na Suíça, ela foi duramente criticada pelo bispo de Basel, Felix Gmür: “O fato de o Vaticano ver a paróquia unicamente concentrada no pároco não reflete a nossa realidade. Além disso, é uma visão teologicamente deficiente e muito restrita”, escreveu Gmür em uma carta aos empregados da sua diocese. A instrução vaticana deixou a “velha impressão” de que, em última instância, o Vaticano está interessado apenas na “predominância do clero”.
As paróquias continuariam sendo lideradas por equipes na sua diocese, e as lideranças leigas continuariam sendo tratados como tais, sublinhou Gmür.
Além disso, as comunidades paroquiais devem ser organizadas democraticamente na Suíça, lembrou ele, caso contrário não são reconhecidas publicamente pelo Estado.
“Como bispo, eu não me deixarei ser paralisado ou impedido por essas ordens restritivas, pois muitas das instruções estão bem longe da realidade”, enfatizou o bispo Gerhard Feige, de Magdeburg, no leste da Alemanha.
“Isso é particularmente verdade na nossa situação de diáspora extrema, uma situação sobre a qual Roma obviamente não tem a mínima ideia, já que não há na instrução quaisquer soluções positivas para a drástica escassez de padres”, escreveu Feige em sua carta aos fiéis.
A Universidade Filosófico-Teológica Bento XVI, em Heiligenkreuz, na Áustria, por outro lado, disse que a instrução certamente teria contribuído muito para os planos de reforma paroquial estrutural que foram realizados na Áustria e na Alemanha nos últimos anos e também teria ajudado a tornar o sacerdócio e a Igreja “novamente atrativos”, caso tivesse sido publicada antes.
Para o editor-chefe do KNA, Ludwig Ring-Eifel, chegou a penúltima hora para a Igreja alemã. Os católicos leigos, especialmente muitas mulheres, estão abandonando o trabalho paroquial. Os seminários estão vazios, e a maioria dos bispos alemães ficou indignada com a instrução do Vaticano.
Agora, havia uma profunda divisão entre a Igreja alemã e Roma, comentou Ring-Eifel em um artigo publicado em Katholisch.de, o site oficial da Igreja alemã.
O Papa Francisco contribuiu para esse estado de coisas, apontou Ring-Eifel. As palavras e os gestos do papa foram interpretados como um convite para a liberalização e a democratização da Igreja e, assim, alimentaram expectativas que não eram viáveis de acordo com a atual lei da Igreja.
Com o Caminho Sinodal, os bispos alemães começaram, assim, a questionar a lei da Igreja – “e, em última instância, a exigir que ela seja modificada”, disse.
“Ainda não se sabe como o Papa Francisco pretende manter a unidade da Igreja nesta situação, que está tão tensa a ponto de romper”, disse Ring-Eifel. “Está claro que já havia motivos suficientes para o papa visitar a Alemanha e explicar o que ele realmente quer. Infelizmente, porém, a pandemia do coronavírus o impediu de sair do Vaticano. E assim a pressão alemã continuará aumentando”, profetizou Ring-Eifel.
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Bispos de língua alemã criticam instrução vaticana sobre reforma paroquial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU