08 Agosto 2020
Pedro Casadáliga, santo, profeta e poeta nos acompanha agora na casa do Pai.
O último da grande geração dos Padres da Igreja que marcaram com luz a América Latina.
Está sendo velado na casa dos seus claretianos em Batatais, depois passará por Ribeirão Cascalheira, onde enfrentou a repressão, para dormir definitivamente em São Félix, às margens de seu mágico Araguaia.
A informação é de Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.
E tempo de festa na sua chegada aos céus. Lembramos um poema de Manuel Bandeira, Pedro abrindo de par em par as portas das quais é guardião: "Entra Pedro, tua casa te espera".
Foi ficando leve, leve, como uma pétala levada pelo vento da história.
Não é necessária confirmação canônica, ele é e já era em vida, Santo.
Soam suas duras palavras:
"Malditas sejam todas as cercas!
Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar!
Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos".
Nada como relembrar o soneto em que revela sua identidade:
"Si no sabeis quien soy. Si os desconcierta
la amálgama de amores que cultivo:
una flor para el Che, toda la huerta
para el Dios de Jesús. Si me desvivo
por bendecir una alambrada abierta
y el mito de una aldea redivivo.
Si tiento a Dios por Nicaragua alerta,
por este Continente aún cautivo.
Si ofrezco el Pan y el Vino en mis altares
sobre un mantel de manos populares
sabed del Pueblo vengo, al Reino voy.
Tenedme por latinoamericano,
tenedme simplemente por cristiano,
si me creéis y no sabéis quien soy!"
Vida sem fronteiras, derramando misericórdia, clamando por justiça, em união mística com o Pai.
Dali nos acompanhe nesta quadra triste de nossa história.
Não rezamos por ele, que vive a plenitude. Pedimos que reze por nós e pela América Latina ferida.
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Pedro Casaldáliga, presente! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU