Amazonas. Carta aberta aos deputados: “há anos a população amazonense sofre com o mal da corrupção”

Foto: Paulo Tadeu Barausse

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07 Agosto 2020

A cultura do silêncio necessita ser quebrada! Nossa consciência clama por mudança. Nesta manhã da quinta-feira o Sares e as demais acompanhado pelas diversas pastorais sociais da Arquidiocese de Manaus, estivemos na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas protocolando uma Carta. Este evento foi um pré-Grito para o Grito dos Excluídos (as) que vai acontecer no dia 7 de setembro que tem como lema: “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”.

A Carta foi enviada pelo Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES.

 

Eis a Carta.

Carta aberta aos deputados

Manaus 06 de agosto de 2020.

Excelentíssimos/as Senhores/as Deputados/as,

Sabe-se que a má gestão do sistema de saúde pública do Estado do Amazonas, vem de longos anos. Entra governo e sai governos e o descaso com a saúde só tem aumentado, provocando graves crises de gerenciamento dos recursos orçamentários, através dos desvios de dinheiro público que deveriam ser aplicados no sistema em benefício da população amazonense.

Senhores/as Deputados/as, os diversos meios de comunicação permanentemente, informam a sociedade que estes recursos são desviados para o bem-estar de pessoas inescrupulosas, que são capazes de não se importar com a vida de cidadãos e cidadãs que procuram o sistema e não são atendidos por falta de equipamentos, médicos, infraestrutura hospitalar. Muitas morrem esperando pelo precário atendimento. Lamentavelmente, devidos os fatos, o sistema de saúde do Estado do Amazonas tornou-se somente um negócio nas mãos de pessoas sem ética na administração pública. Tudo isso gera indignação na população.

(Foto: Paulo tadeu Barausse)

No Art. 196, a Constituição Federal de 1988 reconhece a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Porém, observa-se que administração pública não coloca no centro a pessoa humana e obem comum, garantido na Carta Magna, mas a defesa intransigente dos interesses de uma “economia que mata” (Papa Francisco), centrada no mercado e no lucro a qualquer preço.

Neste sentido, os membros das diversas Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus e sociedade civil organizada, movimentos sociais, homens e mulheres de boa vontade, vimos por meio de esta Carta Aberta manifestar publicamente o nosso apoio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde.

Acompanha-se com muita preocupação mais um escândalo na história do Sistema de Saúde do Estado do Amazonas com o dinheiro público. Considera-se de extrema gravidade, pois muitas vidas foram ceifadas cruelmente pelo covid-19 por causa da compra dos ventiladores inadequados e ainda foram superfaturados. Isto é extremamente cruel, pois há anos a população amazonense sofre com o mal da corrupção que mata mais que o covid-19.

Espera-se que diante deste cenário histórico de corrupção na Saúde do Estado do Amazonas, a CPI, não termine em “pizza” e nem seja arquivada, mas os responsáveis pelo caos na Saúde do Estado, sejam devidamente punidos e devolvam, inclusive, o dinheiro público desviado. Sejam punidos também pelo mal que causaram as famílias que foram tolhidos em seu direito à saúde.

(Foto: Paulo Tadeu Barausse)

Recorda-se que uma das funções do Poder Legislativo é fiscalizar e acompanhar trabalho do Poder Executivo, do governador, do vice-governador e dos secretários estaduais. Para isso, devem aprovar ou não anualmente as contas prestadas pelo Executivo estadual e fiscalizar outras ações administrativas, como a execução orçamentária. Pergunta-se: esta função tão urgente e necessária vem sendo cumprida ao longo dos anos?

“Não temos interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza. Nosso único interesse é o Reino de Deus, presente em nossa história, na medida em que avançamos na construção de uma sociedade estruturalmente justa, fraterna e solidária, como uma civilização do amor” (carta dos bispos ao Povo de Deus). Este é o nosso clamor, o nosso Grito: "VIDA EM PRIMEIRO LUGAR".

Certos do sério e nobre trabalho de Vossas Excelências e desta Casa em defesa da vida da população.

 

Atenciosamente,

Lucia Cleide da Silva Soares – Coordenadora da Pastoral da Criança

Marinizia Sato – Coordenadora da Pastoral da Saúde

IaraciLanza Mathias dos Santos – Coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa

Roseneide da Silva – Coordenadora da Pastoral da Sobriedade

Natércia Navegante – Coordenadora da Pastoral do Povo de Rua

Ana Maria Silva Soares – Coordenadora da Pastoral do Menor

Irmã Dinair Rosana Nascimento – Coordenadora da Pastoral dos Migrantes

Claudio – Coordenador da Pastoral da AIDS

Maria de Nazaré S. Alcântara – Coordenadora da Pastoral Carcerária

Flávia Carneiro; Maria Goreth; Edsa dos Santos – Coordenação da Pastoral Operária

Pe. Roberto de Valicourt; Marcivana Rodrigues Paiva – Coordenação da Pastoral Indigenista

Patrícia Cabral – Presidente do Conselho de Leigos

Nete Souza – Coordenadora das Cebs

Eder Vasconcelos dos Santos – Professor

André Luís Pimentel Mousinho – Professor

Maria de Guadalupe de Souza Peres – Conselheira Estadual de Saúde no assento das Entidades Religiosas, representando a Cáritas Arquidiocesana

Diac. Afonso Brito – Coordenador das Pastorais Sociais

Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES Coordenador: Pe. Paulo Tadeu Barausse, SJ.

Rede Um Grito pela Vida – Núcleo Manaus /AM

CÁRITAS Arquidiocesana – Pe. José Alcimar Araújo de Souza- Vice-presidente

 

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