01 Julho 2020
"Creio que as palavras, as sugestões e as decisões do Pastor Jether revelam a importância da contribuição dele para a origem e a caminhada do CEBI. Jether foi depois membro do Conselho Nacional, responsável pela Dimensão do Ecumenismo. Eu sempre digo e repito: 'Jether é a pessoa mais ecumênica que conheço'", escreve Frei Carlos Mesters, em carta publicada por Centro de Estudos Bíblicos – CEBI, 29-06-2020.
Caro amigo Rafael,
Muito obrigado pela triste notícia que você me comunicou da morte do Pastor Jether Ramalho, hoje, 28 de junho 2020, lá no Rio de Janeiro. Você perguntou se eu podia dar uma notícia sobre a importância do Pastor Jether para o CEBI e a caminhada ecumênica. Faço-o com prazer e com muita gratidão por tudo que o Pastor Jether fez e significou para nós naqueles primeiros anos do CEBI. Francisco Orofino me ajudou nesta resposta que estou dando.
20 de julho de 1979 – Reunião de Fundação do CEBI. Jether e Lucilia Ramalho, Agostinha Vieira de Mello e Carlos Mesters
(Foto: Arquivo CEBI)
Nos anos setenta do século passado, anos difíceis da ditadura militar, num encontro ecumênico de teólogos, biblistas e pastoralistas, do qual Jether e eu fazíamos parte, refletiu-se sobre a força que representava a leitura da Bíblia para manter no povo a esperança e a vontade de caminhar. Percebeu-se que a leitura popular da Bíblia era um segredo muito importante para a caminhada do povo e das igrejas. Aí disseram: “Esta leitura da Bíblia deve ser aprofundada, analisada, legitimada e divulgada. Deste modo a Bíblia voltará na mão do povo. É obrigação de todos: devolver a Bíblia ao povo”. Estas foram, mais ou menos, as reflexões que foram feitas. E eles concluíram: “É necessário criar um instrumento, um centro, para ajudar a alcançar este objetivo”. Foi formulado até o nome CEBI: centro ecumênico de estudos bíblicos. Disseram para mim “você deve fazer parte disso!” Perguntei: como é que a gente faz? Jether Ramalho, pastor da Igreja Congregacional, respondeu: “Você deve organizar cursos em três níveis: cursos de um mês em nível nacional; cursos de duas semanas em nível regional e curso de um fim de semana em nível local”. Foi o que se fez no começo e continua sendo feito até hoje.
1999 – Jether, Lucila Ramalho,
Agostinha Vieira de Mello e Frei Carlos Mesters
durante a celebração dos 20 anos do CEBI,
na Assembléia Nacional de Salvador.
(Foto: Arquivo CEBI)
Onde fazer este centro chamado CEBI? Em que lugar? Várias sugestões foram dadas. Uma delas era o centro das Cônegas de Santo Agostinho em São Paulo. Pastor Jether e eu fomos para lá para ver as possibilidades. Fomos até de avião. Depois de ter estado lá, e examinado tudo, Jether falou: “Não acho que é o lugar ideal. É meio complicado e complexo. Não é perto do povo. É melhor Angra dos Reis, naquele convento velho onde o povo se sente à vontade. Foi assim que se fez. E no mês de junho de 1978 ou 1979, pastor Iranildes da igreja Metodista e eu, nós dois representando o Pastor Jether e aquele grupo de pastoralistas, num quartinho do convento do Carmo, iniciamos o CEBI rezando juntos o salmo 146 que diz: “Deus mantém sua fidelidade para sempre, fazendo justiça aos oprimidos, e dando pão aos famintos, liberta os prisioneiros, abre os olhos dos cegos, endireita os encurvados, ama os justos, protege os estrangeiros, sustenta o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos injustos” (Sl 146,6-9) O Salmo deu o rumo para a caminhada do CEBI.
Creio que as palavras, as sugestões e as decisões do Pastor Jether revelam a importância da contribuição dele para a origem e a caminhada do CEBI. Jether foi depois membro do Conselho Nacional, responsável pela Dimensão do Ecumenismo. Eu sempre digo e repito: “Jether é a pessoa mais ecumênica que conheço”.
Frei Carlos Mesters
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Em carta, Frei Carlos Mesters relembra com carinho a caminhada com Jether Ramalho na fundação do CEBI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU