06 Mai 2020
A entrevista é de Hélène Destombes, publicada por Vatican News, 05-05-2020.
Que sinal o Comitê gostaria de enviar ao mundo com este momento de oração.
Parece-me que, com este apelo, o Alto Comitê, para alcançar os objetivos contidos no Documento sobre Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum, nos convida a reconhecer a dimensão espiritual que, como crentes, mas também como pessoas de boa vontade, podemos perceber nesta profunda convulsão que o mundo está vivendo por causa desta pandemia. Na verdade, todos, independentemente da cultura, situação econômica, fé ou falta de fé religiosa, sentem a imensidade do grito de sofrimento da humanidade, submersa de todos os lados, angustiada e perturbada. Portanto, a benevolente adesão do Papa Francisco, que no Regina Coeli de domingo, 3 de maio, manifestou sua vontade de unir-se a este apelo para o dia 14 de maio, demonstra o caráter universal do momento histórico que diz respeito a todos e a universalidade da resposta interior possível por parte de todos e de cada um.
Entre as várias personalidades que se associaram a este chamado está o secretário-geral das Nações Unidas: é um sinal muito importante enviado ao mundo inteiro e também aos países que permanecem divididos neste momento...
Sim, evidentemente, a preocupação da comunidade internacional, manifestada através desta adesão declarada do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, já demonstrou que, como seres humanos, somos todos uma só família, estamos todos no mesmo barco e, consequentemente, partindo da fé dos líderes religiosos, através de grupos e responsáveis pela vida social e política, é bom que haja um momento de oração e solidariedade para invocar o fim desta pandemia. Portanto, é um grande prazer saber que até agora há tantas personalidades que já deram o seu apoio, que se manifestarão de forma pessoal e interior, pois, por causa do que estamos vivenciando, não poderemos fazer nenhum tipo de encontro devido ao perigo da propagação do coronavírus.
Qual deve ser o papel das religiões na crise atual, tanto no nível espiritual quanto no humano?
Eu diria que todas as religiões dão um amplo espaço à interioridade e, consequentemente, à interiorização, à qual, voluntariamente ou não, somos forçados. Com nuances e práticas marcadamente diferentes umas das outras, o modo de rezar e a oração nos dispõem, em qualquer caso, a um ato de amor aberto ao bem do outro e à aceitação. E isso não é pouco! Jejum e obras de caridade são atos individuais e comunitários, que exigem verdadeira responsabilidade e consciência da ação a ser empreendida. E isso me parece ser um ponto importante para o "pós-Covid".
O Alto Comitê para a Fraternidade Humana convida à oração, ao jejum, mas também à participação em obras de misericórdia. Já existem iniciativas comuns?
Sim, aqui e ali há iniciativas comuns desde o início da pandemia. Mas há sobretudo iniciativas silenciosas: viver juntos mesmo estando separados por um certo tempo; cuidar e ajudar os necessitados sem distinção religiosa; compartilhar conhecimentos... são muitas. Na verdade, o Alto Comitê está tentando - com base no "Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz mundial e da convivência comum", assinado pelo Papa Francisco e pelo Grande Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib - continuar neste caminho de busca da paz também através da solidariedade, para enfrentar a crise humana e humanitária na qual todos nós somos protagonistas e sofremos junto com aqueles que estão sofrendo. Portanto, eu diria que estamos diante de uma oportunidade única - como diz o próprio título do documento sobre a Fraternidade Humana - à qual o Santo Padre quis aderir sem reservas no dia 14 de maio, que é a de enraizar em nossas respectivas tradições religiosas mais queridas o nome que queremos dar ao nosso futuro! E penso que nosso futuro será um futuro de Fraternidade, de Paz e de Convivência comum.
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14 de maio, a oração que faz de nós uma só família. Entrevista com o cardeal Ayuso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU