05 Mai 2020
Mega igrejas, patrocinadores e apoiadores constituíram um fundo, denominado Churches Helping Churches Iniciative (Iniciativa Igrejas Ajudando Igrejas), de apoio a pequenas denominações nos Estados Unidos que, com o isolamento social, sofreram diminuição de doações financeiras. Grupos cristãos nacionais pedem contribuições às igrejas maiores e estáveis para que contribuam e ajudem a manter as pequenas igrejas abertas.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A iniciativa é liderada pela Campanha AND. O presidente da Campanha, Justin Giboney, disse à Religion News Service, que as pequenas igrejas desemprenham um papel importante em seus bairros, fornecendo refeições a pessoas necessitadas e marcam presença na sociedade envolvente. “Muitas das comunidades dependem dessas igrejas menores”, explicou.
Pesquisa realizada em 2015 pela Faith Communities Today indicou que igrejas com frequência semanal de 50 ou menos pessoas geravam uma renda anual de 45 mil dólares (cerca de 230 mil reais).
O fundo alcança 3 mil dólares (cerca de 16,5 mil reais), nos próximos três meses, para as igrejas em risco de fechamento. As igrejas que se candidatam ao subsídio precisam preencher certos requisitos, como estar localizada em áreas urbanas e rurais que congregam de 25 a 150 pessoas de baixa renda, ser uma organização sem fins lucrativos e afirmar o Credo dos Apóstolos ou o Pacto de Lausanne, declarações de fé firmado por denominações carismáticas, evangelicais, pentecostais.
A campanha arrecadou, até o final de abril, mais de 400 mil dólares (cerca de 2,2 milhões de reais) e recebeu, desde o início da iniciativa, em 6 de abril, 1.010 pedidos de financiamento. Organizadores já anunciaram que não terão recursos para atender a todas as demandas. A Campanha AND conta com o apoio de organizações como a Coalização Evangélica Nacional Latino, Pinkston e a Fundação Pinetops.
No Brasil, informa matéria de Letícia Mori, da BBC Brasil, foi aberta a plataforma EuIgreja, que permite a contribuição virtual dos fiéis a suas denominações. Até o final de abril a plataforma já tinha mais de 1 mil comunidades religiosas inscritas, incluindo a Igreja Metodista, a Igreja do Nazareno e a Assembleia de Deus.
O coordenador do Fórum Evangelho e Justiça no Espírito Santos, o teólogo Kenner Terra, disse à BBC Brasil que a questão econômica é um fator de preocupação de igrejas que hesitam apoiar medidas de isolamento social. “Há um medo das igrejas, porque a entrada financeira acontece principalmente nos cultos presenciais, há o risco da entrada ser menor, e há uma séria de compromissos financeiros, aluguel de templos, salário de pastores”, que essas igrejas precisam honrar, arrolou Terra.
O sociólogo Clemir Fernandes, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), acrescentou que a situação das igrejas “não é diferente dos grandes empresários brasileiros que estão pedindo o fim do isolamento. É uma questão de fundo econômico. Eles vivem disso, não querem perder mercado”, analisou.
Com a queda da arrecadação do dízimo, igrejas midiática tentam negociar o preço da venda de espaços nas grades de programação das emissoras abertas de TV do país, revelou o colunista Ricardo Feltrin, do UOL. Em ação protocolada na Justiça do Trabalho de São Paulo, a TV Record, do bispo Edir Macedo, pediu moratória de 90 dias nos pagamentos em virtude do surto do coronavírus, que prejudicou suas receitas. Em abril, a Rede Gospel, da Igreja Renascer em Cristo, demitiu 15 funcionários, também em função da queda de receita em virtude do covid-19.
A doutora em Ciências da Comunicação e coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e Religião da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Magali do Nascimento Cunha, alertou contudo, à BBC Brasil, que não dá para colocar na mesma balança grandes conglomerados de igrejas, que possuem bens, influência política e meios de comunicação, com igrejas menores, que funcionam com base nas doações do dia-a-dia.
“Muitas vezes é uma igreja que funciona em uma lojinha, em uma garagem, essas neopentecostais que surgem a rodo. Não podem ser comparadas com esses líderes que têm compromisso público com uma agenda bolsonarista”, comentou. São os líderes religiosos mais “midiáticos”, como Silas Malafaia e Edir Macedo, os que mais têm criticado as medidas de isolamento social e negado o perigo que o covid-19 representa.
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Fundo ajuda manutenção de pequenas igrejas nos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU