União soberanista quer alistar João Paulo II para seus próprios fins

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04 Fevereiro 2020

A internacional soberanista acelera a escalada rumo à herança sociopolítica do Papa Wojtyla, para torná-la, para todos os efeitos, símbolo inspirador e catalisador. E frequentemente para contrapô-lo – explícita ou implicitamente – ao “marxista” Bergoglio.

A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por La Stampa, 01-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Nesta segunda e terça-feira em Roma, entrarão em campo Matteo Salvini, Giorgia Meloni, Viktor Orbán e Marion Maréchal para “celebrar” um congresso de título inequívoco: “Deus, honra, nação: o presidente Ronald Reagan, o Papa João Paulo II e a liberdade das nações”. Soldando, assim, ainda mais, o catolicismo ultraconservador e tradicionalista com o nacionalismo anti-imigração. E também reforçando o eixo com os Estados Unidos de Trump.

Porque o congresso no Grand Hotel Plaza está inserido na “National Conservatism Conference” e segue o encontro em Washington de julho passado, idealizado pela Fundação Edmund Burke.

O parceiro italiano é o movimento Nazione Futura. Políticos, estudiosos e membros de vários think tanks da direita planetária “glorificarão” o papel decisivo do papa polonês na derrota do comunismo. E não só: Wojtyla é considerado um baluarte (junto com Joseph Ratzinger) das raízes cristãs da Europa, pilar sobre o qual é preciso basear o necessário primado a ser atribuído, de acordo com a propaganda soberanista, às tradições e à independência das nações.

Tudo isso ocorre no dia 4 de fevereiro, dia do primeiro aniversário do “Documento sobre a Fraternidade Humana”, assinado em Abu Dhabi pelo Papa Francisco e pelo Grão-Imã de al-Azhar.

O “primeiro nós” soberano é a narrativa oposta à fraternidade universal, que deve se fundamentar no diálogo entre as fés. E, nessa perspectiva, o Papa Wojtyla foi “eleito” e é usado como emblema do front anti-Bergoglio.

Mas o Papa Francisco rejeitou várias vezes essa contraposição. Em particular no voo de volta de Madagascar, em setembro, quando assegurou que não tem “medo de um cisma na Igreja”, dando depois deu um exemplo que imediatamente apareceu como um golpe bem direcionado: “As coisas sociais que eu digo são as mesmas que João Paulo II disse. Eu o copio”.

E são muitos os prelados que consideram “cheias de pretexto” ou pelo menos “imprudentes” as tentativas de colocar os dois magistérios em antítese. Recordando o célebre “espírito de Assis”, o caminho da amizade entre todas as religiões que João Paulo II lançou com a grande oração de 1986. E também as palavras de Wojtyla no Dia Mundial da Emigração de 1985, quando denunciou que “as migrações assumiram o aspecto desumanizador da perseguição: política, religiosa, ideológica, étnica; e isso imprime o seu estigma nos rostos dos prófugos, dos refugiados, dos expulsos, dos exilados: homens e mulheres, velhos ou jovens, e até crianças, muitas vezes tragicamente privados de seus pais!”.

Além disso, as garantias de continuidade entre os pontificados polonês e argentino – por meio do alemão – não são suficientes para aliviar as tensões. Reforçadas nas Sagradas Salas pela polêmica em torno ao Instituto João Paulo II para o Matrimônio e a Família, cuja direção Bergoglio substituiu no ano passado: de acordo com os seus opositores, Francisco teria, assim, “arquivado” a teologia moral de Wojtyla, depois de tê-la “traído”.

Mas um novo capítulo da disputa está prestes a chegar. E, na Casa Santa Marta, espera-se que ele possa atenuar a rixa em torno do Papa Karol: um livro de Francisco entrevistado pelo Pe. Luigi Maria Epicoco. Título: San Giovanni Paolo Magno[São João Paulo Magno] (Ed. San Paolo). Texto a partir do qual deverá emergir a sintonia entre os arcebispos de Cracóvia e Buenos Aires, “tirados” de “países distantes” para fazê-los subir ao sólio de Pedro.

 

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