16 Janeiro 2020
Após tropeços do Uber e do WeWork, que levaram grupo japonês ao primeiro prejuízo trimestral em 14 anos, empresas que receberam aportes estão sob pressão.
A reportagem é de Bruno Capelas e Bruno Romani, publicada por O Estado de S. Paulo, 16-01-2020.
SoftBank tem vivido dias difíceis. Só na semana passada, quatro nomes (Oyo, Zume, Getaround e a colombiana Rappi, que atua no Brasil) que receberam aportes da companhia de Masayoshi Son fizeram 2,6 mil demissões em suas operações no mundo todo.
Ao longo de 2019, outras 7 mil vagas foram fechadas em empresas investidas pelos asiáticos. São números que fizeram acender no mercado um sinal amarelo: será que os bilhões do SoftBank podem levar a uma nova bolha da tecnologia?
A preocupação aumenta ao se pensar no que aconteceu em 2019 com Uber e We Work, apoiadas pelos japoneses. A primeira, que abriu capital com altas expectativas, demitiu 1,5 mil pessoas e luta para dar lucro. Já a segunda cancelou seus planos de abertura de capital após prospecto a investidores mostrar falhas graves de governança corporativa. Em poucos dias, a startup teve sua avaliação reduzida de US$ 47 bilhões para US$ 8 bilhões – e precisou de socorro em torno de US$ 10 bilhões do SoftBank, levando os japoneses a ter seu primeiro prejuízo trimestral em 14 anos.
As duas empresas são as principais apostas do Vision Fund, fundo de capital de risco de US$ 100 bilhões liderado pelo SoftBank desde 2016 – e que conta também com dinheiro de Apple, Qualcomm e do fundo soberano da Arábia Saudita, entre outros. Com cheques multimilionários, o fundo já foi acusado de supervalorizar startups.
Para os especialistas ouvidos pelo Estado, porém, é cedo para dizer que o SoftBank pode fracassar – e levar o mercado de tecnologia com ele. “Muita gente fica assustada, mas não entende como funciona o capital de risco. Parte do portfólio vai dar errado mesmo”, afirma Caio Ramalho, pesquisador em startups da FGV-RJ. “O papel dos fundos é ajudar as startups a encontrarem o melhor caminho – e reestruturar negócios e demitir fazem parte disso.” Na semana passada, porém, a Rappi negou que as 300 demissões que fará estejam relacionadas ao momento global do SoftBank.
A íntegra da reportagem pode ser lida aqui.
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Startups com investimento do SoftBank já demitiram quase 10 mil funcionários - Instituto Humanitas Unisinos - IHU