16 Janeiro 2020
Nem mesmo as sombras das possíveis alterações sobre as regras do setor foram capazes de bloquear a força da energia solar distribuída no Brasil, que cresceu mais de 212% em 2019.
A reportagem é de Ruy Fontes, publicada por Agência #movidos e reproduzida por EcoDebate, 15-01-2020.
Segundo os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), foram 110.997 sistemas instalados no ano em todo o país, entre mini e microgeradores. Em 2018, o total foi de 35.540.
Mais uma vez a grande oferta de luz do sol, somada as vantagens das placas solares, tornaram a tecnologia líder do segmento, com mais de 99% dos geradores conectados à rede.
Incentivados por linhas de financiamento de energia solar acessíveis e a garantia de redução na conta de luz, mais consumidores aproveitaram para obter sua independência energética.
Desde 2012, ano em que a Aneel promulgou as regras do segmento, a tecnologia começou a ganhar espaço e, hoje, é o sonho de consumo de 93% dos brasileiros, segundo pesquisa do Ibope.
Esse crescimento aquece o mercado, que de acordo com os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) já movimentou R$4,8 bilhões desde então.
São mais de 10 mil empresas integradoras de energia registradas atualmente e cerca de 15 mil profissionais atuando em todo o setor solar no Brasil.
No começo de 2019, entretanto, todo esse crescimento e sustentabilidade da energia solar esteve sob ameaça das possíveis alterações das regras do setor propostas pela Annel para 2020.
Pressionada pelas distribuidoras de energia, que alegam distorção das contas devido ao subsídio hoje existente para a geração distribuída, a agência propôs alterar as regras do segmento na próxima revisão da sua Resolução Normativa 482, prevista para este ano.
Embora não acabem com a vantagem da energia solar, as novas regras poderiam ter forte impacto no retorno financiamento para o consumidor, mais que dobrando o payback do sistema.
Mesmo com os vários estudos e opiniões contrários à revisão das regras que recebeu nas audiências públicas que promoveu, a Aneel escolheu favorecer as distribuidoras e propôs implantar o cenário de mudança mais radical dos quais havia inicialmente apresentado.
A notícia foi muito alardeada pela internet como o “fim da energia solar” e chegou ao governo, tendo enfim uma posição final no começo de janeiro, quando o presidente Jair Bolsonaro declarou estar “sepultada qualquer possibilidade de taxar Energia Solar”.
O pronunciamento veio como um alívio para o setor, que acredita em uma lei a favor da geração distribuída, visto também o apoio já demonstrado por membros da câmara e do senado.
Com a boa notícia, o segmento começa 2020 com boas perspectivas e previsão de forte crescimento para os próximos anos.
Em seu mais recente Plano Decenal de Expansão de Energia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima 1,3 milhão de brasileiros autogeradores de energia até 2029.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Energia solar cresce forte no Brasil em 2019 mesmo com incertezas do setor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU