10 Outubro 2019
Somos católicos. Acreditamos que a mensagem de Jesus está cada vez menos presente na Igreja Católica Romana na Polônia. Frequentemente ouvimos sermões que dividem as pessoas e espalham hostilidade em relação ao próximo, em vez de ensinar a misericórdia de Deus. Temos medo e muitas vezes não sentimos vontade de participar da missa dominical em nossas paróquias locais. Não queremos ouvir palavras cheias de medo, condenação e ódio. Já chega de olhar para os rostos da igreja na Polônia, que quase sempre são representados por bispos e padres. A Igreja não são apenas eles.
A informação foi publicada por secure.avaaz.org e reproduzida por Il Sismografo, 09-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não podemos mais chamar a nossa Igreja de "casa", porque, em vez de esperança e coragem, é cheia de medo e condenação.
Em nossa Igreja, não ouvimos muito respeito pela Palavra do nosso Deus misericordioso que desceu à terra para salvar a humanidade. Não conseguimos encontrar os ensinamentos do Papa Francisco que pede para acolher aqueles que são diferentes de nós: por raça, origem, fé ou orientação sexual.
São dolorosas para nós aquelas palavras sobre a "praga arco-íris" e todas aquelas declarações de católicos que excluem minorias: recentemente, especialmente a comunidade LGBT+, mas também judeus, muçulmanos e não crentes. Também são palavras que afastam muitos fiéis da Igreja, assim como os católicos pertencentes à comunidade LGBT +, suas famílias e seus amigos. Com humildade e respeito, pedimos desculpas a todos aqueles que foram ofendidos e humilhados pelos representantes da nossa Igreja. Nós não podemos aceitá-lo.
É na Igreja Católica Romana que aprendemos a mostrar respeito com todas as pessoas. Respeitar a diversidade e a singularidade. Embora hoje em dia seja difícil de acreditar, é na Igreja que encontramos a convicção de que, acima de tudo, devemos exigir de nós mesmos, não dos outros. Que nunca podemos julgar o próximo, nem pensar mal de alguém ou supor suas más intenções.
Queremos que o percurso da nossa Igreja seja sempre um único ser humano - com suas necessidades físicas, psicológicas e espirituais. Queremos estar com pessoas que foram excluídas da Igreja em nome de batalhas contra alguma ideologia abstrata.
Não aceitamos que muitos bispos e padres apoiem abertamente os partidos políticos, sejam eles governantes ou não. Não queremos que os fiéis que participam da Santa Missa sejam assustados por ideologias que presumivelmente os obrigariam a abandonar sua fé. A Igreja nos afasta com a falta de sensibilidade dos bispos pelas vítimas, somos afastados por sua negligência e por suas ações, porque humilham aqueles que pensam de maneira diferente, percebendo o mal fora deles mesmos e dentro de sua comunidade. Não temos condições de suportar o papel político das pessoas de nossa Igreja, sua falta de autenticidade. Não queremos que a Igreja seja um local de proteção dos privilégios e do poder dos bispos, mas queremos que seja um espaço de liberdade, onde todos possam receber apoio e serem ouvidos. Queremos que seja um lugar de visão corajosa, em vez que de medo e culpa.
Mas, muitas vezes, essas são as palavras de sacerdotes e bispos que criam divisões, não apenas na política, mas também em muitas famílias, incluindo a nossa. Em vez de irmos à guerra contra um inimigo abstrato e imaginário, queremos lutar contra o abuso mental e a violência física que realmente ocorrem nas casas poloneses - incluindo, não vamos esconder isso - aquelas católicas. Suas vítimas são os mais fracos: crianças, idosos, mulheres.
Queremos que as pessoas que cometem atos de pedofilia ou os encobrem sejam responsabilizadas. Opomo-nos à intenção de negligenciar o problema da pedofilia e da violência sexual na Igreja. Não aceitamos a hipocrisia dos representantes do clero que se concentram em argumentos ligados ao sexo, omitindo o argumento que envolve centenas de pessoas feridas pelo povo da Igreja. Com a moralização em vez da penitência, da reparação e as melhores ações preventivas possíveis.
Ainda nos sentimos parte dela, mas ao mesmo tempo encontrar nosso lugar nela se torna cada vez mais difícil. Nós somos muitos.
Como sinal de protesto e solidariedade com os excluídos da Igreja Católica Romana, queremos nos encontrar perto da cúria de Cracóvia e Szczecin, quinta-feira, 10 de outubro, às 17h30.
Convidamos vocês a participar de nosso protesto e a organizar os encontros em outras cidades.
Começaremos o protesto ouvindo os testemunhos de membros da Igreja Católica Romana na Polônia que se sentem abandonados.
Posteriormente, iniciaremos nossa vigília em silêncio com o slogan "Queremos nossa Igreja de volta". Finalmente vamos acender as velas. Após a vigília, quem desejar poderá participar da Santa Missa às 18h30.
Gostaríamos que essa iniciativa fosse o início de um sincero discernimento e discussão sobre questões que são importantes para nós.
Queremos pensar em como agir para que a Igreja na Polônia possa se tornar uma fonte de esperança, não de medo.
Por esse motivo, convidamos vocês a um debate a ser realizado após o protesto, onde haverá a participação de especialistas e sacerdotes católicos, o evento será realizado no dia 17 de outubro às 18h.
Forneceremos mais detalhes nos próximos dias.
Queremos começar a trabalhar na recuperação de nossa Igreja!
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“Queremos nossa igreja de volta”. O protesto dos católicos poloneses - Instituto Humanitas Unisinos - IHU