27 Setembro 2019
A Cúpula de Ação Climática das Nações Unidas foi concluída em meio a elogios moderados por seus sucessos e a condenações duras por suas falhas.
A reportagem é de Roger Harrabin, publicada por BBC News Brasil, 24-09-2019.
Pelo lado bom, mais de 60 nações anunciaram que estão desenvolvendo planos ou já trabalhando para reduzir a emissão de gases do efeito estufa a praticamente zero.
Um número similar disse que reforçaria suas metas para combater o aquecimento global até o próximo ano.
Por outro lado, a ativista Greta Thunberg condenou líderes pelo que chamou de uma “ambição inadequada”, que coloca em risco o futuro dos jovens.
As promessas da Alemanha, por exemplo, foram descritas por críticos como incompatíveis com metas para redução de carbono já firmadas pelo próprio país.
Então, é possível descrever a cúpula das Nações Unidas como um copo meio cheio, ou bem mais vazio.
Dito isso, houve sinais claros de que mais pessoas ao redor do mundo estão tomando consciência da ameaça imposta por um superaquecimento do clima.
Índia, China e a União Europeia disseram que vão anunciar planos mais rígidos para cortar emissões de carbono em 2020.
Administradores de portos, bancos e companhias de navegação se comprometeram a um plano “ambicioso” para navegações com zero carbono até 2030.
A Finlândia pretende se tornar a primeira nação industrializada a absorver mais carbono do que emite.
O Paquistão, que plantou um bilhão de árvores nos últimos cinco anos, prometeu mais 10 bilhões para os próximos cinco.
Já a Grécia afirmou que banirá o plástico de uso único até 2021 e eliminará gradualmente seu uso de carvão até 2028.
Críticos aplaudiram os esforços, mas afirmaram que os compromissos firmados por parte dos países sequer chega perto do que é necessário para estabilizar o clima.
Os Estados Unidos, por exemplo, foram representados pelo presidente Donald Trump.
Ele apareceu no meio da sessão, sentou-se brevemente na plateia, olhou para o relógio e seguiu calmamente para um encontro sobre liberdade religiosa que acontecia naquele mesmo horário. Tudo isso sob o olhar furioso de Greta Thunberg.
Ela e seus colegas anunciaram que iriam processar cinco nações, alegando que, ao pôr em risco o clima, estariam violando direitos das crianças.
Trump pareceu zombar da jovem de 16 anos, ao tuitar o vídeo do discurso em que Greta alerta para o impacto das mudanças climáticas. Ele comentou: “Ela parece uma jovem feliz, ansiosa por um futuro brilhante e maravilhoso. Tão bonito de se ver!”.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ponderação quanto às críticas de Thunberg e sua abordagem “bastante radical”, insinuando que a raiva estaria mal direcionada.
A França, assim como a Alemanha e o Brasil, está entre os cinco países incluídos na denúncia da ativista às Nações Unidas, feita na segunda-feira.
“Tudo que nossos jovens estão fazendo por essa causa é útil, assim como o que os não tão jovens fazem”, disse Macron ao Europe 1.
“Mas agora eles devem focar naqueles que têm mais a fazer, aqueles que tentam impedir a mudança. Eu não acho que o governo francês ou o governo alemão estejam fazendo isso hoje.”
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, postou uma foto conversando com a ativista.
Entretanto, Merkel recebeu críticas de que a Alemanha não estaria diminuindo seu uso de carvão rápido o suficiente.
“Essa cúpula deveria ter sido um divisor de águas. Mas nós observamos uma falta de comprometimento tremenda vinda dos países mais ricos que mais poluem, que continuam a tomar medidas superficiais para resolver uma questão de vida ou morte”, afirmou Harjeet Singh, da ONG ActionAid.
Hampton, da Children’s Investment Fund Foundation, questionou: “Se não podemos impulsionar consideravelmente as soluções que já temos disponíveis… Então, o que estamos fazendo na prática?”
Jennifer Morgan, que comanda o Greenpeace International, disse que “em grande parte, líderes globais não fizeram o que se esperava deles hoje em Nova York”.
Os olhos se voltam agora para Mônaco, onde o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertará sobre como o aquecimento global está causando uma situação de emergência em relação ao aumento do nível dos oceanos.
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Greta Thunberg: os resultados da Cúpula do Clima após a furiosa cobrança da ativista teen - Instituto Humanitas Unisinos - IHU