15 Março 2019
Desaparecida toda ambiguidade, abandonado todo pudor, Donald Trump ergue-se agora, no meio de seu mandato presidencial, como o inimigo número um do climate change, como o adversário de toda iniciativa ou de todo reconhecimento do declínio inexorável da saúde da Terra.
A reportagem é de Vittorio Zucconi, publicada por La Repubblica, 12-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Com o indefectível tweet da manhã, inspirado por seu talkshow trash favorito na rede Fox, e especialmente com o plano financeiro apresentado no Congresso onde todos os programas de pesquisa e proteção ambiental são cortados, Trump até zomba indiretamente daqueles que, como Mattarella, temem que a degeneração do nosso planeta tenha chegado a um grau muito elevado: "O tempo (atmosférico) sempre existiu e o clima também", tuíta ele. Uma consideração justa e científica que exclui um detalhe crucial: se, e o quanto, a atividade humana está afetando a saúde da casa comum, do terceiro planeta do sistema solar.
Nem mesmo a vaidade, a ansiedade de mostrar-se "politicamente incorreto" ou a insaciável ganância conseguem explicar inteiramente a obstinação de um homem que parece ter feito também dos estudos climáticos um instrumento de sua própria ideologia raivosa. Nem mesmo a influência dos grandes lobbies anti-mudanças climáticas, das companhias de petróleo ao setor de mineração, justifica uma fúria que a nova lei orçamentária de US $ 4 trilhões traduz em um pedido para acelerar a perfuração em áreas protegidas do Ártico para sugar cada vez mais óleo. Para Trump, o negacionismo ecológico é um ponto de princípio, uma daquelas suas fixações adolescentes que o levam, como adolescente caprichoso, a dizer "não" quando os adultos dizem "sim".
"Também neste ano tivemos grandes tempestades e nevascas", explica em seu tweet, inspirado pelo ex-fundador do Greenpeace hoje dissidente, como prova comprovada de que o Grande Aquecimento é "fake science dentro das fake news", uma falsa ciência empacotada nas notícias falsas, enquanto a Noaa, a agência governamental para os oceanos e a atmosfera, conclui que 2018 foi o quarto ano mais quente na história da meteorologia.
O Pentágono, não uma organização de fanáticos ecologistas "abraçadores de árvores", observa que o agravamento das condições climáticas agora apresenta problemas estratégicos, militares e para a segurança dos Estados Unidos. E, em resposta, Trump nomeia uma supercomissão de contra-analistas sob medida, no estilo "custos e benefícios", confiando-a ao mais ardoroso eco-céptico norte-americano para que os desminta.
Serão cortadas ou canceladas verbas para a Agência de Proteção Ambiental. Eliminados fundos da Nasa para satélites destinados a observar oceanos e fauna. Encerradas inspeções periódicas aos Grandes Lagos. E eliminadas as misérias de poucos milhões dadas às nações indígenas para defender suas parcas reservas das insídias ambientais. Enquanto são emitidas licenças para explorar, com métodos explosivos e devastadores, novos depósitos potenciais no Ártico direcionadas, segundo Trump, a aumentar a produção de combustíveis fósseis, dos quais um país como o seu, agora amplamente independente da importação, não precisa. E tudo para aumentar as verbas militares.
Greed, claro, ganância, por trás do negacionismo do Grande Inimigo e lobistas e complexos militares-industriais e petróleo e senhores do transporte rodoviário ferozmente anti-ferrovias, mas acima de tudo a personalidade de Trump, o homem que sempre quer ser contra, mesmo quando o inimigo é a humanidade. Trump vs a Terra, o último super-herói equivocado. O Exterminador número um.
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Meio ambiente, por que Trump é o Exterminador número um - Instituto Humanitas Unisinos - IHU