10 Setembro 2019
Com uma carta, 15 bispos denunciam as políticas de Bolsonaro e as escolhas irresponsáveis sobre o futuro do pulmão verde do planeta.
Depois do Conselho Latino-Americano de Igrejas, também um grupo de 15 bispos brasileiros representando a Igreja Anglicana no Brasil exortou o governo a tomar providências para impedir a propagação de incêndios na floresta Amazônica.
A informação é publicada por Riforma, 09-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Uma carta pastoral da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil afirma que estão ocorrendo as piores ondas de incêndios no Brasil há pelo menos sete anos. "Há semanas a floresta amazônica está em chamas, queimada pela ganância e pelo ódio ... Esses incêndios não são resultado de secas ou de riscos naturais. São ações orquestradas por pessoas que representam a agroindústria, grileiros e caçadores de terras, incentivados pelos discursos irresponsáveis e declarações do Presidente da República”.
Segundo os bispos, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que seu governo não regulamentaria outras reservas naturais ou indígenas. Os líderes da Igreja criticam a posição do presidente sobre o meio ambiente, que, segundo eles, está atrasando o progresso do Brasil.
A carta pastoral afirma: "Como cristãos anglicanos, não podemos ficar calados. Devemos nos esforçar para lutar para salvaguardar a Criação, transformar as estruturas injustas da sociedade e desafiar todos os tipos de violência, respeitando a dignidade de todo ser humano e buscando paz e reconciliação".
Os bispos exortaram o seu povo a rezar pela Amazônia, "para testemunhar a fé e denunciar todas as ações desrespeitosas com o meio ambiente e a sociedade. Devemos afirmar a vida promovendo a dignidade humana, a justiça, a paz, a conservação social e ambiental como sinais e frutos do mandamento de Cristo de amar a Deus e aos outros".
A carta acrescenta que o incêndio na Amazônia é resultado de uma política do governo que busca demolir e desmantelar políticas socioambientais e os órgãos de proteção ambiental.
Em outro trecho da carta afirma-se: "Como resultado desse cenário, vimos as chamas consumindo parte da floresta que contém a maior diversidade biológica e cultural do planeta. As chamas atingiram a tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, consumindo milhares de hectares de vegetação, carbonizando fauna e flora e violando os direitos das populações indígenas".
O governo brasileiro enviou o exército para combater os incêndios, mas recusou a assistência internacional. Ambientalistas dizem que a temporada de queimadas está apenas começando e teme-se que a situação possa piorar ainda mais.

Desmatamento (Fonte: NASA)
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Bispos Anglicanos do Brasil fazem um apelo pela Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU