29 Agosto 2019
Proibição de entrada, trânsito e permanência em águas territoriais para o navio Mare Jonio, o navio da Mediterranea saving humans que na manhã desta terça-feira socorreu e resgatou cerca de 100 migrantes em um barco à deriva. Foi assinado pelo ministro do Interior que está de saída, Matteo Salvini, em um dia que ainda viu crianças no meio do mar, correndo risco de vidas, enquanto foram proibidos os sobrevoos dos aviões de organizações humanitárias que do alto patrulham a busca por náufragos.
A reportagem é publicada por Marco Mensurati, publicada por La Repubblica, 28-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Foi o MRCC de Roma - o centro de coordenação de socorros italiano - a "solicitar às autoridades italianas competentes a identificação de um place of safety", o porto seguro mais próximo no qual desembarcar os migrantes. A comunicação, a primeira do gênero, depois de tantos meses em que a autoridade portuária italiana havia se recusado a administrar as emergências da chamada área de Sar Líbia, chegou ao navio Mare Jonio depois que os voluntários do Mediterranea invocaram "um sinal de descontinuidade" em relação às gestões anteriores. A bola, esse é o sentido da comunicação da Capitania, foi passada para as mãos do ministro do Interior que está de saída, Matteo Salvini. Que respondeu como era de se esperar.
Durante a manhã, o navio Mare Jonio, o navio da plataforma humanitária italiana Mediterrâneo, havia resgatado um bote danificado cheio de crianças com menos de dez anos (muitas delas inclusive de poucos meses). "Vocês chegaram bem a tempo. O bote estava prestes a afundar, ontem à noite começou a se esvaziar. Uma onda o dobrou e muitos de nós caímos na água. Seis não sabiam nadar e morreram", relataram os migrantes.
O resgate ocorreu ao amanhecer, cerca de 70 milhas ao norte de Misurata. Avistados no radar às primeiras luzes do dia, os migrantes - ao todo 98, da Costa do Marfim, Camarões, Gâmbia e Nigéria - foram transportados a bordo do rebocador após uma operação que durou mais de duas horas.
"Encontramos o bote inflável, superlotado - informa a ONG - à deriva e com uma parte já se esvaziado com o nosso radar, e felizmente chegamos a tempo de levar socorro", que foi concluído às 8h35 da manhã da terça-feira.
E agora o navio humanitário, que imediatamente contatou as autoridades italianas, está navegando a uma velocidade de oito nós em direção ao noroeste. Após um censo inicial aproximado, 26 mulheres, 8 das quais grávidas e 22 crianças com menos de dez anos, estão a bordo. Além disso, seis menores não acompanhados foram identificados. Mas os números ainda são provisórios. Após a primeira visita do médico de bordo, a Dra. Donatella Albini, foram identificados casos de hipotermia e mal-estar, principalmente entre as crianças. Muitos resgatados apresentavam sinais evidentes de tortura (as mulheres também com mutilação genital), além de várias queimaduras no corpo devido ao contato prolongado com a gasolina. Os migrantes disseram que haviam partido há três dias e passaram pelo menos duas noites no bote.
"Ao nosso pedido de instruções – explicam da Mediterranea - o Centro de Coordenação de Resgate Marítimo da Itália respondeu como sempre para nos reportarmos às 'autoridades líbias'. Respondemos que seria impossível nos reportarmos às forças de um país em guerra civil onde se perpetram diariamente a tortura e o tratamento desumano e degradante, em relação ao destino das pessoas resgatadas, agora a bordo de um navio com bandeira italiana e cuja segurança recai sob nossa responsabilidade. Portanto reiteramos à Itália o pedido de instruções compatíveis com o direito internacional do mar e os direitos humanos".
Chegam as primeiras reações das grandes organizações mundiais ao novo resgate no mar: "Qual poderia ter sido o fim das 28 crianças, 26 mulheres, 8 grávidas sem a Mediterranea? Já são pelo menos 900 vidas perdidas no Mediterrâneo este ano. Tragédias que seriam evitadas caso se parasse de manipular a ação humanitária para fins políticos". Essa é a opinião da porta-voz do ACNUR, Carlotta Sami.
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Itália. Salvini assina a proibição de desembarque para o navio Mare Jonio que embarcou os náufragos do bote lotado de crianças - Instituto Humanitas Unisinos - IHU