21 Agosto 2019
“Existem pessoas dentro e fora da Igreja, que desejam que o papa Francisco renuncie, porém ele não o fará”. Claro e direto, o superior-geral da Companhia de Jesus, Arturo Sosa, sj., denunciou durante o Meeting de Rimini um complô dos setores ultraconservadores contra Bergoglio e o que isso representa.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 20-08-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O objetivo não é somente ir contra Francisco, mas ir mais além: “Creio que a estratégia final desses setores não é tanto forçar o papa Francisco a renunciar, mas também afetar a eleição do próximo pontífice, criando as condições para que o Papa seguinte não continue aprofundando o caminho que Francisco indicou e empreendeu”.
Por oposição, o superior dos jesuítas considera que “é essencial que essa viagem continue, de acordo com a vontade da Igreja claramente expressada no Concílio Vaticano II, do qual o papa Francisco é um filho legítimo e direto”.
Durante sua intervenção em Rimini, Arturo Sosa apontou a “nostalgia” da Igreja europeia por “um passado idealizado, como se a sociedade na Europa fosse uma sociedade cristã perfeita. As pessoas vivem nostalgicamente por um passado que nunca existiu. Nos Estados Unidos, por outro lado, se centram na inculturação”.
“O cristianismo não é uma religião intimista, somente se pode viver em comunidade”, agregou o jesuíta, que recordou como “o Espírito Santo nos fala hoje através dos jovens. Todos estamos chamados a nos aproximar deles”.
“A Igreja dirigida por Francisco está apostando na educação dos jovens, extraindo deles recursos e valores”, apontou Sosa, que citando Bergoglio insistiu que “o futuro da humanidade passa pela inclusão social dos pobres. Porém isso não se faz de fora, é uma condição para caminhar juntos. Devemos nos aproximar dos pobres, adquirir seu olhar na vida”.
“O discernimento deriva do sentido de obrigação para o imperativo da consciência, a obediência à vontade de Deus. A liberdade e a verdade, a lei e a responsabilidade, a autoridade e a obediência somente se integram no discernimento”, afirmou em outro momento do diálogo, no qual enfatizou a “mensagem revolucionária” que Francisco traz à Igreja: “Necessitamos conhecer intimamente ao Senhor que se fez homem para mim, para que quem o ama, o siga”.
“No discernimento – agregou – não estamos divididos entre crentes e não crentes, entre homens morais e não morais, entre aqueles que promovem o bem de todos ou aqueles que semeiam medo e divisão”.
Finalmente, e sobre a secularização da sociedade, Sosa apontou que “se o lemos como um sinal dos tempos, talvez seja um sinal de esperança e não desespero. A sociedade secular é talvez o novo espaço para viver e difundir nossa fé”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Arturo Sosa denuncia um complô ultraconservador para forçar um futuro Papa a renegar o Concílio Vaticano II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU