31 Julho 2019
“É uma ditadura, sim”, disse o ex-presidente uruguaio, José Mujica a um jornalista de uma rádio local, depois de lhe perguntarem se o governo da Venezuela poderia ser assim classificado.
A informação é publicada por Il Sismografo, 30-07-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Com sua declaração de sábado, o ex-mandatário (2010-2015) e um dos principais referentes da esquerda uruguaio desencadeou uma tormenta política. Até o momento, o atual governo uruguaio sustentou que classificar como “ditadura” o atual regime de Nicolás Maduro não ajudava a buscar uma saída negociada à crise venezuelana, que era o objetivo do atual presidente Tabaré Vázquez.
Ainda que meia centena de países tenham dado seu apoio público à oposição venezuelana – o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó –, os governos de Uruguai e México insistiram em manter uma postura neutra frente à situação.
Em meio da campanha eleitoral rumo às eleições presidenciais e legislativas de outubro no Uruguai, as principais referências da coalizão de esquerda Frente Ampla tinham evitado definir o regime de Maduro como ditadura. No entanto, os ditos de Mujica foram como um dique que se rompe.
Um dia depois das declarações do ex-presidente, o candidato presidencial da Frente Ampla, o ex-prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez – que já havia sido crítico do governo venezuelano, mas negava classificá-lo como ditadura – escreveu em sua conta no Twitter: “O relatório de Bachelet é lapidário a respeito da Venezuela e se trata de uma ditadura. É preciso seguir trabalhando em uma saída negociada e que o centro sejam os venezuelanos”.
A oposição, enquanto isso, reiterou que não condenar o regime de Maduro mostra a falta de convicções democráticas da Frente Ampla.
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Mujica diz que a Venezuela é uma ditadura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU