02 Julho 2019
A Frente Ampla terá pela primeira vez um candidato que não pertence à geração histórica de Tabaré Vázquez (79 anos), José Mujica (84) e Danilo Astori (79).
A reportagem é publicada por Página/12, 01-07-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O Uruguai realizou eleições internas ontem para eleger candidatos presidenciais com mais participação do que o esperado. Embora até o momento os resultados oficiais eram desconhecidos, os primeiros resultados indicam que o ex-prefeito de Montevidéu Daniel Martinez, de 62 anos, foi o vencedor da governante Frente Ampla (FA), com 41% a 43% dos votos.
Além de Martinez apresentaram-se às urnas pelo governo Carolina Cosse, ex-ministra da Indústria, que, segundo os primeiros números, obteve entre 23% e 26%; Oscar Andrade, ex-deputado do Partido Comunista e ex-sindicalista de construção, que também acumulou entre 23% e 25%, e Mario Bergara, ex-presidente do Banco Central, entre 10% e 11%. A coalizão FA, assim, pela primeira vez, tem um candidato presidencial que não pertence à geração histórica do atual presidente Tabaré Vázquez (79), do ex-presidente José Mujica (84) e do ex vice-presidente e atual ministro da Economia, Danilo Astori (79).
No momento, no entanto, a fórmula que competirá nas eleições de outubro é desconhecida. Depois de votar ontem, Martinez descartou que se conheceria o vice na noite passada, quando os resultados fossem conhecidos. "Até que eu tenha certeza, eu me sentiria soberbo se avançasse em qualquer definição", disse ele. "Em qualquer situação, vou compartilhar em boas vibrações com os outros pré-candidatos e pré-candidata, tentando pensar no país do futuro", acrescentou ele, citado pelo jornal uruguaio La Diaria. Além disso, quando perguntado sobre a possibilidade de que a vaga para vice-presidente seja ocupada pelo pré-candidato que obteve o segundo lugar, disse que até agora só tinha acontecido no caso de Mujica e Astori. Cosse, por outro lado, foi franca sobre isso. "Sempre estarei apoiada ao partido. Se fosse possível ter a fórmula presidencial hoje à noite, seria maravilhoso. Tem que ser paritária e sair dentre os quatro pré-candidatos", disse a ex-ministra, segundo o jornal El Observador. A FA enfrenta pela primeira vez em mais de uma década uma eleição presidencial muito disputada e, por essa razão, seus pré-candidatos tentaram evitar cruzamentos agressivos ou divisões difíceis de reparar na campanha.
Um dos madrugadores do dia foi o presidente uruguaio, que votou em Montevidéu, logo após a abertura das portas dos centros, às 8 horas da manhã. Vázquez dirigiu-se ao bairro popular de La Teja, onde ele vota habitualmente, e reconheceu que neste tipo de votação interna, realizada pela terceira vez no Uruguai e não obrigatória, a participação é geralmente muito baixa. No entanto, nas últimas duas horas e meia do dia das eleições, a porcentagem de eleitores atingiu os 40, excedendo os 34% de 2014. Ao longo do dia, os pré-candidatos e principais líderes políticos mostraram calma e bom humor quando votaram, como Mujica, que pediu a uma rádio para tocar o tango "Nesta tarde cinzenta", referindo-se ao mau tempo, e Cosse, que explicou por que iria junto com sua mãe exercer o voto: "Se eu não a acompanhar, me deserda”, disse.
Além da Frente Ampla, o Partido Nacional (Partido Blanco) e Partido Colorado, e outros partidos menores disputaram as internas. Entre estes últimos, destacam-se os favoritos para ficar com as candidaturas: Pablo Mieres, do Partido Independente; Edgardo Novick, do Partido de la Gente, e o ex-chefe do Exército Guido Manini Ríos, do Partido Cabildo Abierto.
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Uruguai. Frente Ampla renova sua liderança - Instituto Humanitas Unisinos - IHU