01 Julho 2019
Parece que agora vai dar tudo certo. Depois de sete anos - se assim for - a partir do momento em que embarcou para Roma com as poucas coisas necessárias para uma estadia considerada breve, Jorge Mario Bergoglio retornará à Argentina como Papa. Os falsos alarmes não faltaram nos últimos três anos, mas agora é o presidente da Conferência Episcopal Argentina que garante que o retorno entre seus conterrâneos está entre os desejos do Papa Francisco, que também prometeu - e autorizou a relatar - que não tardará a realizá-lo. "Talvez no final de 2020, ou durante 2021", e em qualquer caso após as eleições presidenciais de outubro, ganhe que for. Este último esclarecimento não é secundário, e nas proposições dos bispos argentinos que o antecipam deve servir para desvendar o clima extremamente nervoso dessas semanas pré-eleitorais.
A reportagem é de Alver Metalli, publicada por Vatican Insider, 28-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Sobre a volta de Bergoglio em sua terra natal, estão certos também os padres das villas miseria de Buenos Aires e arredores que escolheram a festa por excelência da cátedra de São Pedro, no dia 29 de junho, para difundir um documento que tem o claro objetivo de defender "seu" Papa dos seus muitos críticos italianos, às vezes camuflados como apoiadores. "Nós, sacerdotes que vivemos e trabalhamos nas vilas e bairros populares, felizes por poder viver o Evangelho entre os pobres, nos sentimos plenamente identificados com o magistério do Papa Francisco", começa o documento, que ressalta a "postura clara e vigorosa e a lucidez em transmitir com palavras e gestos os elementos essenciais da prática de Jesus, que recordam o caminho e reafirmam a opção preferencial da Igreja de estar do lado daqueles que sofrem, dos mais relegados, dos oprimidos em dignidade e direitos". Não se pode deixar de observar, escrevem os 36 sacerdotes que assinam o documento, que o "ensinamento do Papa Francisco sobre a cultura do encontro e contra a cultura do descarte ecoe em todo o planeta e seja reconhecido como profético por todas as sociedades".
Mas o documento dos padres das favelas argentinas não é apenas um sinal de bem-vindo a um Papa que percebem próximo de suas experiências entre os mais humildes, algo completamente dado como certo considerando a proveniência, é também um ato de apoio explícito motivado pelos ataques que o Papa sofreu e continua a sofrer nos últimos tempos em seu próprio país.
O último foi o que a imprensa argentina chamou de "operação retorno", referindo-se à presidência da senhora Cristina Fernandez que teve de ceder ao liberal de centro-direita Mauricio Macri a sede presidencial do mandato de quatro anos que está chegando ao fim sem os resultados previstos. Da qual o papa argentino, segundo os críticos argentinos, seria o verdadeiro tecelão da trama engendrada para restaurar a presidência da esposa do ex-presidente Kirchner. "Mais uma vez, nestes dias, elevam-se as vozes de comunicadores e da mídia no país que, com mentiras e abordagens tendenciosas, tentam apresentar a pessoa do Papa ativamente envolvida na construção política. A insistência e as maneiras variadas de afirmar essa visão enganosa parecem obedecer ao velho ditado "minta, minta, que algo permanecerá". Desta maneira, Francisco, que teve a prudência de se privar de visitar sua terra nestes tempos de acentuada tendência a rivalizar e polarizar tudo, é apresentado como prisioneiro de uma trama política local através da manipulação de algumas mídias".
A denúncia dos padres das villas miseria une tanto os apologistas do papa quanto seus ferrenhos detratores, que "no afã de usar a figura do Papa para puxá-lo de um lado ou de outro da divisão (a chamada grieta), proclamam-se amigos e porta-voz, ou como intérpretes do verdadeiro pensamento e da verdadeira palavra de Francisco. Longe de escutar sinceramente e com um mínimo de honestidade intelectual o verdadeiro conteúdo do magistério do Papa Francisco, se deixam levar por seus próprios interesses ideológicos, pretendendo usar para seus próprios fins quem hoje ocupa um lugar incomparável a serviço da humanidade. Vemos uma constante distorção da mensagem papal usada de forma arbitrária e de acordo com acentuações que obedecem às conveniências do momento. Mas também assim sabemos que o povo de Deus quer, ouve e adere sempre ao Papa e à sua mensagem, sentindo-se protegido por ele”.
A última intervenção dos padres das favelas argentinas vem depois de outras que foram formuladas no ano passado, e que tiveram como conteúdo o endurecimento migratório, a luta contra o desemprego, a descriminalização do aborto, a denúncia de políticas eficazes na prevenção e luta contra as drogas e no tratamento das dependências, e se conclui com um forte pedido "em nome do santo povo fiel de Deus, do qual fazemos parte e que servimos: que param de manipular a figura do Papa Francisco para obter efeitos locais no panorama político atual. O verdadeiro pensamento e os ensinamentos do Santo Padre não vêm de intérpretes de supostos segredos ou de supostos porta-vozes; pode ser facilmente encontrado em seus escritos, nos seus sermões, nos seus discursos e seus gestos. Não vamos encobrir essa luz! "
O convite final do documento é "abrir o coração e descobrir que viver entre os pobres e descartados, defender seus direitos, não é uma ideologia partidária, mas a própria essência do Evangelho de Jesus e, portanto, da doutrina social da Igreja. Este é o Evangelho que o Papa Francisco insiste em lembrar ao mundo inteiro. Este é o lado em que o Papa está firmemente enraizado, e com ele nós continuamos a proclamar o Evangelho, luz para os pobres "
Declaración de los curas villeros
"No se enciende una lámpara para meterla debajo de un cajón…” (Mt. 5, 15)
Los sacerdotes que vivimos y trabajamos en las villas y los barrios populares del territorio de nuestra Patria, felices de poder vivir el evangelio entre los pobres, nos sentimos plenamente identificados con el magisterio del Papa Francisco. Su postura clara y contundente, y su lucidez para transmitir con palabras y gestos lo esencial de la práctica de Jesús, nos recuerdan el camino y reafirma la opción preferencial de la Iglesia de estar junto a los que sufren, de los desamparados y de los atropellados en su dignidad y derechos. La enseñanza del Papa Francisco sobre la cultura del encuentro y en contra de la cultura del descarte, tiene eco en todo el planeta y es reconocida como profética por todas las sociedades.
Sin embargo, nuevamente en estos días se levantan en el país algunas voces de comunicadores y voceros autoposicionados que, con mentiras y enfoques tendenciosos, intentan presentar a la persona del Papa, involucrado activamente en el armado político. La insistencia y la multiforme manera de expandir este engaño, parece obedecer al antiguo dicho “miente, miente, que algo quedará”. De esta forma Francisco, que ha tenido la prudencia de privarse de visitar su tierra, en estos tiempos de acentuada tendencia a rivalizar y polarizar todo, parece ahora, por la manipulación de algunas informaciones que trascendieron a través de medios de comunicación, quedar mezclado en un armado partidista local.
Confunden al resto quienes, en el afán de usar la figura del Papa para ponerlo de un lado u otro de la grieta, se autoposicionan tanto como amigos y voceros, cuanto como reveladores que descubren el pensamiento y palabra de Francisco. Lejos de escuchar con sinceridad y con un mínimo de honestidad intelectual el verdadero contenido del Magisterio del Papa Francisco, se dejan ganar por sus propios intereses ideológicos, pretendiendo usar para sus fines a quien hoy ocupa un lugar inigualable en el servicio a la humanidad. Vemos una constante tergiversación del mensaje Papal usada a conveniencia y arbitrio de lo que cada uno necesita respaldar en el momento. Igualmente sabemos que el pueblo de Dios quiere, escucha y adhiere siempre al Papa y su mensaje, sintiéndose protegido por él.
Humildemente pedimos, en nombre del santo pueblo fiel de Dios, del que somos parte y a quien servimos, dejen de querer manipular la figura del Papa Francisco para lograr efectos locales en el mapa político actual. El verdadero pensamiento y enseñanzas del Santo Padre, no llega por alguna supuesta investigación de secretos ni por voceros, se lo puede encontrar fácilmente en sus escritos, sus predicaciones, discursos y en su actividad. ¡No tapemos esa luz!
Invitamos a los comunicadores a abrir el corazón y a descubrir que estar en medio de los pobres y descartados, acompañando la defensa de sus derechos, no es una ideología partidista, sino la esencia misma del Evangelio de Jesús y por tanto, de la doctrina social de la Iglesia. Ese es el Evangelio que el Papa Francisco no hace más que recordar al mundo entero. Esa es la vereda en la que el Papa está firmemente posicionado, y con él nosotros seguimos anunciando el Evangelio, luz para los pobres.
29 de junio de 2019
Solemnidad de San Pedro y San Pablo
Equipo de Curas de Villas
y Barrios Populares de Provincia y Capital.
P. José María Di Paola, P. Eduardo Drabble, P. Andrés Benítez. Villa La Carcova, 13 de Julio y Villa Curita. Diócesis de San Martín.
P. Guillermo Torre, P. Marco Espínola. Villa 31. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Juan Isasmendi, P. Ignacio Bagattini, P. Lucas Walton. Villa 1-11-14. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Lorenzo de Vedia, P. Carlos Olivero, P. Facundo Ribeiro. Villa 21-24 y Zavaleta. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Nibaldo Leal. Villa Hidalgo. Diócesis de San Martín.
P. Hernán Cruz Martín, P. Gustavo Rofi: Barrio Don Orione - Claypole. Obra Don Orione. Diócesis Lomas de Zamora.
P. Basilicio Britez. Villa Palito. Diócesis de San Justo.
P. Nicolás Angellotti. Puerta de Hierro, San Petesburgo y 17 de Marzo. Diócesis de San Justo.
P. Domingo Rehin. Villa Lanzone. Diócesis de San Martín.
P. Gastón Colombres, P. Damián Reynoso. Villa 15. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Martín Carroza y P. Sebastián Risso. Villa Cildañez. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Pedro Baya Casal, P. Adrián Bennardis. Villa 3 y del Barrio Ramón Carrillo. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Joaquín Giangreco. Villa Trujuy. Diócesis Merlo-Moreno.
P. Juan Manuel Ortiz de Rozas. San Fernando. Diócesis de San Isidro.
Carlos Morena, Mario Romanín, Alejandro León, Juan Carlos Romanín, Salesianos, Don Bosco. Cecilia Lee, misionera franciscana. Bea GmiItrowicz, misionera franciscana, Villa Itatí. Diócesis de Quilmes.
P. Juan Ignacio Pandolfini. Villa la Cava. Diócesis de San Isidro.
P. Alejandro Seijo: Villa Rodrigo Bueno. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Andrés Tocalini. Villa los Piletones. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Franco Punturo, P. Gonzalo Slepowron Villa 20. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Omar Mazza. Villa Inta. Arquidiócesis de Buenos Aires.
P. Gustavo Carrara, obispo auxiliar de Buenos Aires, vicario para la Pastoral en Villas de CABA.
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Argentina, os padres das villas miseria contra os profetas da divisão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU