Rede Católica LGBTQ recebe calorosamente o cardeal Joseph Tobin, de Newark

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28 Junho 2019

Aproximadamente cinquenta membros do InterParish Collaborative — IPC viajaram para Newark para compartilhar uma refeição e conversar com o cardeal Jospeh Tobin, discutindo, entre outras coisas, o relacionamento da igreja com a comunidade LGBTQ. Uma mulher transgênero caracterizou a conversa como esperançosa.

A reportagem é de Catherine Buck, publicada por New Ways Ministry, 26-06-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Em uma coluna de opinião para o Jersey Journal, o padre Alexander Santora, de Hoboken, Nova Jérsei, compartilhou as esperanças de muitos católicos LGBTQ sob a manchete "Gays querem que a Igreja Católica reconheça sua bondade". Santora é o pastor da paróquia de Nossa Senhora da Graça e São José e organizou uma reunião entre o arcebispo de Newark, cardeal Joseph Tobin, e os membros da InterParish Collaborative — IPC, uma rede vibrante de católicos LGBTQ de paróquias na região do Meio-Atlântico (Nota de IHU On-Line: O Meio-Atlântico dos EUA abrange os estados de Nova Iorque, Nova Jérsei, Pensilvânia, Delaware, Maryland, Washington D.C, Virginia e West Virginia).

Aproximadamente cinquenta membros do IPC viajaram para Newark para compartilhar uma refeição e conversar com o cardeal Tobin, discutindo, entre outras coisas, o relacionamento da igreja com a comunidade LGBTQ. Christine Zuba, uma mulher transgênero da região da Filadélfia, caracterizou a conversa como esperançosa. Ela disse: "Ele buscou conselhos sobre como levar a conversa adiante, como ele pode nos ajudar."

O cardeal Tobin tem um histórico de apoio ao IPC – em maio de 2017, ele saudou a peregrinação do grupo à Catedral Basílica do Sagrado Coração de Newark (Newark’s Cathedral Basilica of the Sacred Heart). Santora escreveu que, nessa conversa mais recente, Tobin definiu “um tom de boas-vindas” e apoiou a ideia de que a Igreja deveria “reconhecer que não sabe”. Os membros do contingente do IPC estavam ansiosos para compartilhar suas experiências com um membro da hierarquia que estivesse disposto a escutá-los.

Um dos fundadores do IPC é Ed Poliandro, que frequenta a paróquia de São Francisco Xavier, em Manhattan. Ele conversou com o New York Times após a reunião de 2017 com Tobin, chamando-a de "um milagre". Agora, quando solicitado a compartilhar e informar os líderes da Igreja sobre sua experiência, ele disse: "Não podemos ficar no armário porque estamos por completo na Eucaristia ... isso é o que todos nós fazemos”.

Poliandro tem uma longa história de defesa dos direitos LGBT na Igreja Católica. Ele se lembra de um encontro de 2004 com a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA em Washington D.C., onde ele foi amplamente ignorado pelos bispos quando estava do lado de fora buscando inclusão. Santora destaca que um bispo foi a exceção: “Mas um se destacou, o falecido Joseph Sullivan, da diocese do Brooklyn, que acabou sendo um grande defensor de uma maior inclusão de gays na igreja”. A diocese do Brooklyn de dom Sullivan é a paróquia fundadora do IPC, Nossa Senhora do Monte Carmelo (Our Lady of Mt. Carmel), que começou a realizar retiros e programar para os católicos LGBTQ em 2011.

Nos anos seguintes, o IPC tem marchado regularmente na Parada do Orgulho Gay na cidade e planeja ter um grande grupo para a parada deste ano em 30 de junho. Uma das pessoas mais responsáveis pelo crescente sucesso do grupo é David Harvie, que dirige o grupo In God's Image, na Igreja do Sagrado Coração, em South Plainfield, Nova Jérsei. Além de organizar a peregrinação de 2017, ele foi o líder da reunião deste ano em Hoboken.

Ao todo, o encontro reuniu participantes da Filadélfia, Harrisburg, Hartford, Nova Iorque, Bridgeport, Brooklyn e cada uma das cinco dioceses de Nova Jérsei. Além do cardeal, estavam padres e diáconos, além dos membros da comunidade LGBT e suas famílias. Também estiveram presentes Evan Mascagni e Shannon Post, cineastas trabalhando em um projeto sobre o padre James Martin, SJ, e a sobreposição entre a identidade LGBTQ e a Igreja Católica. Na reunião, todos os participantes tiveram a oportunidade de socializar e se conectar sobre programação regional, além de compartilhar as melhores práticas e encorajar uns aos outros em seu trabalho contínuo.

São diálogos reais, como este encontro, que serão essenciais para reformar os ensinamentos e práticas da igreja sobre gênero e sexualidade. Embora documentos prejudiciais como o recém-divulgado do Vaticano sobre gênero possa até falar de diálogo e escuta, o texto soará vazio se não incluir as vozes dos mais qualificados a falar: os próprios católicos LGBT. O trabalho do cardeal Tobin com a Interparish Collaborative e grupos similares devem continuar e se espalhar.

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