15 Fevereiro 2019
Apesar dos repetidos “nãos” da hierarquia, a questão da ordenação de mulheres continua aberta para o bispo de Magdeburgo (Alemanha), Gerhard Feige, que sustentou que "recusar rigorosamente e argumentar [contra ela] só com a tradição já não convence".
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 14-02-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.
"Isso virá", afirmou Feige em uma entrevista à agência alemã de notícias católicas KNA sobre as mulheres sacerdotisas. Embora o prelado tenha ponderado que agora não é, na sua opinião, o momento para avançar com isso, já que continuam havendo muitos fiéis contra e se corre o risco de quebrar a Igreja, haverá sim um futuro no qual as mulheres assumirão as funções presbiterais. "Há tempo não pensava nisso", acrescentou o bispo.
E qual é o ponto de ruptura para o bispo alemão? O pontificado de Francisco, que destacou o fato de que a doutrina da Igreja não pode ser preservada sem permitir seu desenvolvimento. Dois mil anos de história rendem muitas novidades para o bispo de Magdeburgo, que se perguntou: "O Espírito de Deus não poderia estar nos conduzindo a novas percepções e decisões?"
Em conversação com a KNA, o bispo Feige também defendeu uma revisão do celibato obrigatório dos clérigos, o qual, afirmou, "não é direito divino" e que também "pode tornar-se comprometedor no curso da vida".
É por razões assim que os padres casados, continuou o bispo, são "perfeitamente possíveis, e de fato já o são - e não por isso menos dignos nem sacramentais - nas Igrejas Católicas Orientais". Já que não há problema na teoria, a única questão que fica é como colocá-los em prática na Igreja romana global, explicou.
Para o bispo Feige, as possíveis introduções do sacerdócio feminino ou dos padres casados são importantes enquanto respostas ao panorama social que está sempre em transformação em seu estado de Sajonia-Anhalt, onde 80% da população já não é crente, e frente ao qual se fez necessário que todos os sacerdotes sejam menos do modelo "arcaico-burguês" e mais do modelo "dinâmico-alternativo".
"Aqui conhecemos pessoas que podem ainda não ter tido experiências decepcionantes com a Igreja e tem a visão mais aberta, e em uma sociedade secular como essa tentamos não ensinar nem disciplinar ninguém de cima, mas servir de verdade", explicou Feige.
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“Argumentar contra a ordenação de mulheres apenas com a tradição já não convence”, afirma bispo alemão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU