Rumo ao cisma? A direita clerical e o ''Manifesto da fé''

Praça São Pedro. Foto: PxHere

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

12 Fevereiro 2019

Há menos de dois anos, em novembro de 2017, em uma surpreendente entrevista ao Corriere della Sera, ele anunciou que abandonaria a guerra no Vaticano contra o Papa Bergoglio: “Há um front de grupos tradicionalistas, assim como de progressistas, que gostariam de me ver à frente de um movimento contra o papa. Mas eu nunca farei isso”.

A reportagem é de Fabrizio D’Esposito, publicada por Il Fatto Quotidiano, 11-02-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Assim falou o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, prefeito do ex-Santo Ofício, a Congregação para a Doutrina da Fé, e indicado na época como o mais renomado dos opositores do pontífice argentino. É claro, naquela conversa, o cardeal expressou preocupações com as divisões e a confusão doutrinal da Igreja, mas, indo à substância da questão, o seu recuo colocou sobre os ombros dos quatro cardeais das dubia sobre a comunhão aos recasados, incluindo o estadunidense Burke e o italiano Caffarra, depois falecido, o peso da liderança da frente conservadora e farisaica anti-Bergoglio.

Evidentemente, nesses 15 meses, as reflexões entre os rígidos defensores da Doutrina, vigorosamente contrários à misericórdia de Francisco, mudaram, e o cardeal alemão lançou um documento “dramático”, para citar um adjetivo usado pelos seus próprios torcedores: o “Manifesto da fé”, redigido por ocasião do sexto aniversário da renúncia de Ratzinger ao pontifica (no dia 11 de fevereiro) e assinado significativamente como “prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé de 2012 a 2017”.

O documento foi publicado pelo LifeSiteNews, o site estadunidense que lidera a rede internacional contra Bergoglio e megafone do pedido de renúncia a Francisco de dom Carlo Maria Viganò.

São muitas as questões contestadas por Müller sobre a “confusão” de hoje na Igreja, a ponto de comparar a situação ao tempo do Anticristo, cavalo de batalha do protesto tradicionalista. Da comunhão aos recasados ao diálogo inter-religioso e à existência do Inferno, do celibato dos sacerdotes ao papel das mulheres. O “Manifesto” é acompanhado por um pedido: a oportunidade de se levar em consideração e avaliar a hipótese de um cisma.

Leia mais