10 Janeiro 2019
O processo vaticano contra o ex-cardeal abusador Theodore McCarrick está avançando a uma velocidade vertiginosa, demostrando mais uma vez que o Papa Francisco leva a sério sua determinação de limpar a Igreja dos abusos.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 09-01-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.
Segundo fontes da Congregação para a Doutrina da Fé, já foi concluída não só a investigação como também colhido o testemunho do ex-arcebispo de Washington, e se espera agora um veredito antes que aconteça o encontro antipederastia em Roma de 21 a 24 de fevereiro.
Segundo informa à CNA, a Doutrina da Fé teria decidido processar McCarrick não através de um juízo canônico formal e completo, mas por meio de um "processo penal administrativo" acelerado, considerando a quantidade de provas que já foram recolhidas contra o ex-purpurado.
O dicastério presidido pelo cardeal Luis Ladaria teria decidido com este processo expresso que os indícios de que McCarrick é culpado são tão convincentes que não faltam mecanismos legais que façam com que os processos contra prelados se prolonguem demais, inclusive até durante anos em alguns casos.
A chave foi não só que o Papa quer uma resolução exemplar do caso antes de que comece sua reunião com os presidentes episcopais de todo o mundo no mês que vem em Roma. Foram também as três vítimas menores no momento das agressões e os oito seminaristas que se declararam contra o cardeal. Agora, McCarrick enfrenta múltiplas acusações de abusos e má conduta sexual tanto contra menores como contra adultos, além de delitos de captação sexual no confessionário, pelos quais pode ser punido com a redução ao estado laical.
Agora que foi concluída a investigação vaticana de McCarrick, será a Doutrina da Fé que se reúne, talvez ainda esta semana, para avaliar os resultados do processo. Especula-se que o Papa decida assumir o caso pessoalmente depois da próxima reunião da Doutrina da Fé para que seja ele que emita o veredicto e imponha um castigo ao ex-cardeal, encerrando assim a possibilidade de que recorra da decisão e o caso se prolongue ainda mais tempo.
Segundo uma fonte consultada pela CNA, Roma não tem medo algum de reduzir McCarrick, de 88 anos, ao estado laical, como muitas vezes tem com outros padres anciãos pelos quais teme que sejam velhos demais ou doentes para cuidarem de si mesmos. "A Doutrina da Fé normalmente não expulsa do sacerdócio alguém se isso o levar para a rua, mas McCarrick sempre teve dinheiro para gastar", explicou a fonte. O Papa Francisco tampouco treme as mãos na hora de castigar os padres pederastas, como demonstrou mais uma vez no fim de semana passado, quando expulsou do sacerdócio por pederastia um padre chileno e ex-capelão dos Carabineiros, Luis Felipe Egaña.
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Papa afastará do sacerdócio o ex-cardeal McCarrick antes do encontro antiabusos de fevereiro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU