"Advento é também tempo de contemplação do processo de Maria, Mãe de Jesus e nossa querida Mãe. Contemplá-la assumindo a virgindade porque é fecundada pela Ruah Santa, o Espírito Deus, e se dispõe a produzir frutos bons com a chegada do Verbo Eterno, o Servo que vem para salvar a humanidade. Nesse sentido, Maria, em sua virgindade, é uma mediação necessária para “proteger” Jesus, nascido de semente não israelita, como os filhos das mulheres violadas do II Isaías. A mensageira das boas notícias, citada por Is 54,5-6, em nosso caso é a mulher Maria, que aceita correr o risco social de ser mãe sem a “semente de um homem”. Sua virgindade aponta para a integridade de Jesus. Como os Servos citados por Is 42-54, Jesus também é luz para as nações. Ele não será um filho bastardo ou eunuco, sem descendência anterior nem posterior. E Maria, a Virgem fiel, está aí para resguardá-lo.
"Advento tem ainda o sentido de vinda de alguém, de chegada, de recreação, de refundação. A cor que se usa nos paramentos litúrgicos é roxa, indicando a necessidade de conversão, de purificação do corpo e do espírito, de “deixar ir” o que nos atrapalha. É um chamado a abandonar o território das nossas certezas e vencer o medo, a desconfiança, a resistência ao desconhecido."
A reflexão é de Virma Barion, ccv, religiosa da Congregação Carmelitas da Caridade de Vedruna. Ela possui graduação em teologia pela faculdade Regina Mundi, (1972), em filosofia e letras Anglo-portuguesas pela Universidade Estadual de Maringá (1978) e especialização em bíblia pela Escola Superior de Teologia, São Leopoldo/RS (2009). Atualmente atua na formação pastoral e em assessorias teológicas.
1ª Leitura - Jr 33,14-16
Salmo - 24(25)
2ª Leitura - 1Ts 3,12-4,2
Evangelho - Lc 21,25-28.34-36
Hoje vamos começar a nossa reflexão dando umas pinceladas sobre o tempo litúrgico que estamos iniciando: o Advento que, na Igreja Católica, abre as portas para o Ano Litúrgico. Não coincide com o início do ano civil. O Advento tem identidade própria. Começa sempre após a festa de Cristo Rei.
Advento é um tempo de espera, de promessas, de expectativas do novo que quer chegar e que necessita alguém que se disponha a acolhê-lo de maneira ativa, não na passividade.
Por isso a primeira leitura (Jr 33,14-16) começa nos dizendo que chegarão dias em que Javé cumprirá as promessas que fez à casa de Israel e de Judá, fazendo brotar para Davi um broto justo, que exercerá o direito e a justiça no país. O texto continua dizendo que, nesses dias, Judá, será salvo e Jerusalém, -a capital- viverá tranquila e será chamada “Javé nossa justiça”. E anuncia que não faltará um descendente de Davi para se assentar no trono da casa de Israel. (Sinalizamos que, quando o Reino unido foi dividido, ficaram duas partes: Judá no Sul e Israel no Norte). Por isso a referência a Judá e Israel.
Embora Jeremias anuncia tempos de paz, o Evangelho anuncia o ataque à cidade santa de Jerusalém, como veremos mais adiante.
Advento é também tempo de contemplação do processo de Maria, Mãe de Jesus e nossa querida Mãe. Contemplá-la assumindo a virgindade porque é fecundada pela Ruah Santa, o Espírito Deus, e se dispõe a produzir frutos bons com a chegada do Verbo Eterno, o Servo que vem para salvar a humanidade. Nesse sentido, Maria, em sua virgindade, é uma mediação necessária para “proteger” Jesus, nascido de semente não israelita, como os filhos das mulheres violadas do II Isaías. A mensageira das boas notícias, citada por Is 54,5-6, em nosso caso é a mulher Maria, que aceita correr o risco social de ser mãe sem a “semente de um homem”. Sua virgindade aponta para a integridade de Jesus. Como os Servos citados por Is 42-54, Jesus também é luz para as nações. Ele não será um filho bastardo ou eunuco, sem descendência anterior nem posterior. E Maria, a Virgem fiel, está aí para resguardá-lo.
Advento tem ainda o sentido de vinda de alguém, de chegada, de recreação, de refundação. A cor que se usa nos paramentos litúrgicos é roxa, indicando a necessidade de conversão, de purificação do corpo e do espírito, de “deixar ir” o que nos atrapalha. É um chamado a abandonar o território das nossas certezas e vencer o medo, a desconfiança, a resistência ao desconhecido.
Advento é ainda tempo de poda, de suprimir brotos bonitos e bons aparentemente, eliminando os excessos que não deixam a planta crescer vigorosa e dar bons frutos. Na agricultura não se poda galhos secos, mas galhos verdes. A poda dói para a árvore e para quem faz a poda, mas é necessária se quisermos produzir bons frutos.
Vamos agora mergulhar um pouco nos textos de hoje. Como dissemos, na primeira leitura, somos convidados e convidadas a acreditar na realização das promessas.
A tônica da segunda leitura (1Ts 3,12-4,2) e do Evangelho (Lc 21,25-28.34-36) é a vigilância, o manter o olhar voltado para o alto, a oração, o esperar atentas ao que está por acontecer. O relato de Lc 21,25-28.34-36 é apocalíptico, inspirado no Profeta Daniel. O “Filho do Homem”, como Jesus é denominado, chega à nossa terra na sua Encarnação e também na nossa passagem para o Reino definitivo. Este é o anúncio desse primeiro Domingo.
Para esse anúncio, Jesus aproveita um fato histórico - a próxima destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos no ano 70 - Esse é o simbolismo da dor que está próxima a chegar. O fato histórico trouxe muita dor e desolação. Era preciso não entreter-se com coisas passageiras. Era necessário estar atentos aos sinais que apareciam de diversas maneiras.
Hoje, meditando nessa passagem, também nós somos convidados a colocar a nossa atenção voltada aos acontecimentos do nosso mundo. Sentimos o chamado a cuidar do nosso mundo, da nossa Mãe Terra para evitar maior destruição, como nos orienta o Papa Francisco na sua Encíclica Laudato Si'. Sobre o cuidado da nossa Casa Comum. Também nos toca os apelos da Fratelli Tutti a comprometer-nos com a recuperação de relações de irmanação, que ajudem a renascer e revigorar a fraternidade/sororidade e a solidariedade em meio às sombras do mundo em que vivemos, caminhando com esperança hoje.